O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte: Samsom e Rutte buscam amanhã a vitória eleitoral de seus partidos (Valerie Kuypers/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2012 às 19h53.
Haia - Os holandeses vão nesta quarta-feira às urnas para resolver a queda de braço entre trabalhistas e liberais de direita pela vitória nas eleições gerais, após as quais se abrirá um complexo período de formação de governo, no qual se considera provável uma aliança entre esses dois partidos.
Enquanto os analistas veem como inevitável o pacto entre as duas grandes forças, tanto o líder trabalhista Diederik Samsom como o liberal e atual primeiro-ministro interino Mark Rutte insistem em negá-lo, tentando sair do empate entre ambos na reta final da campanha.
''Não fechamos nenhum acordo e há muitas outras opções com as quais poderíamos formar um governo'', assegurou Samsom.
''Sei que os outros líderes (...) querem dar essa impressão que formaremos uma coalizão, mas isso é um autêntico lixo'', disse por sua vez Rutte durante uma entrevista na televisão pública.
Samsom e Rutte buscam amanhã a vitória eleitoral de seus partidos que garantiria ao ganhador a cadeira de primeiro-ministro e lhe permitiria liderar as negociações para a formação de governo.
A pedido do Parlamento, a rainha Beatrix não participará desta ocasião como mediadora no processo de formação do Executivo, algo que na Holanda - o país dos pactos por excelência - pode durar meses.
A maior parte de analistas liberais e trabalhistas vê com bons olhos um pacto, mas os dois partidos teriam primeiro que conciliar seus programas eleitorais e, além disso, fazer concessões a outras forças menores para conseguir uma maioria.
Uma eventual coalizão entre trabalhistas e liberais, que de acordo com as últimas previsões somariam 70 cadeiras em um Parlamento de 150, precisaria de mais um ou dois partidos para governar com margem suficiente.
Para o jornal ''NRC Handelsblad'', os democratas-cristãos (CDA) e os liberais de centro (D66) vão representar um papel-chave na hora de formar coalizões.
Antigos parceiros dos liberais no governo que termina, a democracia cristã está sofrendo um processo de decadência política desde a vitória em 2002 de seu antigo líder Jan Peter Balkenende, que esteve à frente do Executivo até 2010.
As últimas pesquisas das empresas Synovate e Maurice de Hond confirmam a queda do CDA neste pleito, nos quais passaria de 19 cadeiras atuais para somente 13 assentos.
Esta circunstância poderia ser um impedimento para que aceitassem continuar na coalizão governante.
A campanha eleitoral holandesa foi intensa, carregada de entrevistas aos meios de comunicação, de propaganda na rua e de debates na televisão, inclusive no programa informativo infantil de mais audiência (Jeugdjournaal).
Esses debates foram essenciais para que à medida que se aproximava a data de votação, o eleitorado desse um giro dos extremos para o centro do espectro político.
Assim, as altas expectativas que os socialistas radicais (SP) tinham há algumas semanas - com seu discurso contra a austeridade e de tintura eurocética - acabaram diminuindo.
Paralelamente, o partido de extrema direita de Geert Wilders continua contando com um relativo apoio, mas verá reduzida sua influência, pois se prevê a perda de uma cadeira em relação às 20 atuais e, além disso, a maioria dos partidos o excluem como possível parceiro.
Após a jornada eleitoral de amanhã, a Holanda deverá enfrentar ainda sem ter formado governo reuniões como a do dia 18 de setembro, quando serão apresentados os orçamentos estaduais.
Aprovadas em regime de urgência pelo Executivo de centro-direita que está saindo, as contas continham um pacote de 12 bilhões de euros de economia adicionais aos 18 bilhões aprovados no princípio da legislatura.
A negociação desse corte adicional, aprovado finalmente com ajuda do D66 e dos Verdes, foi a causadora da queda do Executivo em abril passado, quando os antimuçulmanos de Wilders retiraram seu apoio de liberais e democratas-cristãos no governo.