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Partidos britânicos têm disputa por poder após Brexit

O objetivo é que o novo líder conservador, e automaticamente primeiro-ministro, esteja no cargo no início de setembro para negociar a saída da União Europeia


	Cameron e Johnson: a ministra do Interior, Theresa May, é a mais bem posicionada para enfrentar Johnson
 (Stefan Rousseau / Reuters)

Cameron e Johnson: a ministra do Interior, Theresa May, é a mais bem posicionada para enfrentar Johnson (Stefan Rousseau / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2016 às 09h14.

O Partido Conservador britânico abre nesta quarta-feira o processo para suceder David Cameron como primeiro-ministro, com Boris Johnson como favorito, enquanto segue viva a revolta contra o líder trabalhista Jeremy Corbyn.

O objetivo é que o novo líder conservador, e automaticamente primeiro-ministro, esteja no cargo no início de setembro para começar a negociar o quanto antes a saída da União Europeia que os britânicos pediram no referendo de 23 de junho.

Entre quarta-feira e quinta-feira, os deputados conservadores que quiserem assumir o cargo poderão apresentar sua candidatura.

No caso de apenas um candidato, ele será automaticamente eleito. Caso outros se apresentem, os 330 deputados conservadores escolherão dois e os submeterão ao voto da militância.

A ministra do Interior, Theresa May, é a mais bem posicionada para enfrentar Johnson, como parte de uma operação batizada pela imprensa como "Qualquer um, menos Boris".

Uma parte do Partido Conservador não perdoa Johnson por ter se desvinculado de David Cameron e liderado a campanha do Brexit, que carecia até sua chegada de uma figura de tanto peso.

Nem May, nem Johnson, anunciaram sua intenção de disputar o posto, mas a candidatura é tida como certa. Apenas o ministro do Emprego, Stephen Crabb, comunicou oficialmente que buscará a vaga.

Em seu último artigo no Daily Telegraph, o ex-prefeito de Londres afirmou que esperava "responder às expectativas dos 17 milhões de britânicos que votaram a favor de que o Reino Unido abandone a UE".

O pai de Johnson, Stanley, que foi eurodeputado conservador e defendeu a permanência na UE, disse que "Boris é o mais bem colocado para alcançar um novo acordo com a União Europeia, um acordo que reflita a visão otimista e aberta ao mundo deste país".

"Embora tenhamos feito campanha em grupos opostos durante o referendo, Boris tem meu pleno apoio", disse o pai.

Revolta no Partido Trabalhista

Nesta quarta-feira, o Parlamento se reúne na sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro, com o destino de Cameron já definido e o do líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, pendurado por um fio.

Corbyn perdeu na terça-feira uma moção de confiança dos deputados de seu partido por 172 a 40 votos, mas reiterou que não pensa em renunciar e que confia no apoio dos militantes, que deram um apoio esmagador a ele nas primárias do partido, em setembro de 2015.

"Fui eleito democraticamente líder de nosso partido para realizar uma nova política com o apoio de 60% dos afiliados e simpatizantes, e não os trairei renunciando", disse Corbyn.

Neste momento crucial, Corbyn parece desfrutar do apoio dos líderes sindicais.

O líder trabalhista é criticado por ser incapaz de seduzir o eleitorado, depois que 37% dos trabalhistas de todo o país votaram contra a linha oficial do partido e optaram pela saída do Reino Unido da União Europeia, alinhando-se com a ala mais direitista do Partido Conservador e com o partido anti-imigrantes UKIP.

Corbyn perdeu, assim, sua primeira grande disputa desde que foi eleito, em setembro de 2015. Já foi abandonado por mais da metade de seus "ministros à sombra", como são conhecidos os porta-vozes das diferentes áreas da oposição.

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