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Partidos americanos priorizam espetáculo e esquecem debate

Convenções nacionais "são puro espetáculo", disse o professor do Instituto Brookings, Stephen Hess


	As convenções nacionais são mais antigas no sistema eleitoral americano do que as eleições primárias
 (©AFP/Getty Images / Joe Raedle)

As convenções nacionais são mais antigas no sistema eleitoral americano do que as eleições primárias (©AFP/Getty Images / Joe Raedle)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 20h56.

Washington - As convenções nacionais de republicanos e democratas nos Estados Unidos serão neste ano coroações bem coreografadas dos respectivos candidatos presidenciais, diferentes daquelas de décadas anteriores, que primavam pelo debate e pelo suspense.

"São puro espetáculo", disse à Agência Efe o professor do Instituto Brookings, Stephen Hess, que assistiu como estudante suas primeiras convenções em 1952 em Chicago.

Na próxima semana em Tampa, na Flórida, o Partido Republicano oficializará a candidatura presidencial de Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, que já designou Paul Ryan, deputado de Wisconsin, como seu candidato a vice.

Na semana seguinte em Charlotte, Carolina do Norte, o Partido Democrata fará sua apresentação oficial do atual presidente Barack Obama, que tentará a reeleição acompanhado pelo vice-presidente e ex-senador de Delaware, Joseph Biden.

"As convenções nacionais têm cinco propósitos", explicou à Efe o professor do Departamento de Governo da Universidade Georgetown, Stephen Wayne.

"Servem para designar oficialmente os candidatos, para aprovar a plataforma, para gerar entusiasmo, aumentar a visibilidade dos dirigentes e para marcar os temas da campanha", detalhou.

As convenções nacionais são mais antigas no sistema eleitoral americano do que as eleições primárias que começaram em 1904 no estado da Flórida.


As convenções de agora não são como as de antes, acrescentou Wayne, "quando havia verdadeira escolha do candidato presidencial e disputas às vezes muito acaloradas sobre a plataforma do partido".

Os representantes que deliberaram entre os dias 24 de junho e 9 de julho de 1924 no Madison Square Garden de Nova York precisaram de 103 votações antes de confirmar a candidatura do democrata John Davis, que depois perdeu para o candidato republicano, Calvin Coolidge. E o maior confronto daquela convenção foi uma moção de repúdio ao Ku Klux Klan.

Hess lembra que quando conseguiu um emprego na Convenção Nacional Republicana há seis décadas, "chegamos no primeiro dia sem saber quem seria o candidato".

"A televisão era um meio novo e para se adaptar às suas necessidades, as duas convenções aconteciam na mesma cidade", recordou. "A tradição era que o partido do presidente em exercício tinha sua convenção depois da do outro partido".


A Convenção Nacional Republicana de 13 a 16 de julho de 1964 em São Francisco (Califórnia) foi cenário de um duro confronto entre a emergente ala conservadora, cujo líder era o senador Barry Goldwater, e a ala liberal, liderada pelo senador Nelson Rockefeller.

Já a convenção de 1968 do Partido Democrata em Chicago foi rodeada por violentos choques entre a polícia e dezenas de milhares de manifestantes contrários à Guerra do Vietnã.

"Nada disso acontecerá em Tampa ou em Charlotte", comentou Wayne. "Romney já chega com todos os representantes que precisa para garantir sua candidatura, e Obama não tem quem o desafie. Os dirigentes dos partidos negociaram suas diferenças sobre a plataforma e só resta o espetáculo".

Há, no entanto, alguma incerteza sobre a Convenção Republicana: os setores mais conservadores do partido não simpatizam muito com Romney e o movimento cidadão Tea Party pressiona para que sejam levadas em consideração as propostas desse grupo.

Um dos momentos de maior destaque são os discursos. Entre os oradores principais dos democratas este ano estará o ex-presidente Bill Clinton, e no caso republicano, um dos discursos mais importantes será o do governador de Nova Jersey, Chris Christie.

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