Redação Exame
Publicado em 5 de março de 2025 às 06h37.
Última atualização em 5 de março de 2025 às 08h58.
Os partidos alemães concordaram na última terça-feira, 4, em amenizar as regras para controle de dívidas para investir na área militar, além de criar um fundo de 500 bilhões de euros para investir em infraestrutura nos próximos 10 anos.
As propostas deverão ser apresentadas no Bundestag (parlamento) na próxima semana pelo conservador Friedrich Merz e os social-democratas (SPD), que negociam para formar uma coalizão no governo, após as eleições da última semana.
"Em vista das ameaças à nossa liberdade e paz em nosso continente, o que for preciso agora também deve se aplicar à nossa defesa", disse Merz, líder dos conservadores CDU/CSU. "Estamos contando com os Estados Unidos da América para continuar a cumprir nossas obrigações mútuas de aliança no futuro. Mas também sabemos que os recursos para nossa defesa nacional e de aliança devem agora ser significativamente expandidos", completou.
A alteração na Constituição permitirá que os gastos com a Defesa ultrapasse 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha. Levando em conta o PIB de 2024, isso incluiria todos os gastos acima de aproximadamente 45 bilhões de euros (R$ 281 bilhões). Outra medida é a permissão para que 16 estados façam empréstimos de até 0,35% de sua produção econômica.
As propostas para ampliar as ações militares já ocorrem há alguns meses. Em setembro, o ministro da Defesa, Boris Pistorius, propôs aumentar o gasto militar de 2% para entre 3% e 3,5% do PIB. Uma pesquisa feita em novembro pelo instituto Koerber-Stiftung mostrou que 50% dos alemães apoiavam a ideia.
No começo de fevereiro, a Deustche Messe, maior organizadora de feiras de negócios do país, anunciou o lançamento da primeira feira do país voltada para itens de defesa militar. A DSEI Alemanha será realizada em janeiro de 2027, em Hanover.
"O ponto de virada na política de defesa da Alemanha não apenas exige que reorientemos nossa estratégia de defesa, mas também requer a promoção direcionada de capacidades tecnológicas e industriais", disse Boris Pistorius, ministro da Defesa, quando o evento foi anunciado.
"Eu tinha 20 anos durante a unificação alemã, servi no Exército. Comecei em maio, quando havia dois Estados alemães, e quando terminei, se tornaram um só, sem um único tiro, sem sangue", disse Jochen Köchler, presidente da Deustche Messe. "Eu realmente nunca imaginei que veríamos uma guerra na Europa."