Jill Stein: esta candidata pouco convencional quer participar dos debates presidenciais, onde só participam os candidatos dos dois grandes partidos (Mark Wilson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 13h14.
Washington - As eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro será uma batalha de dois partidos, Democratas e Republicanos, mas o Partido Verde, uma minoritária terceira opção, espera ganhar importância e rentabilizar o descontentamento com as grandes legendas.
A candidata à Presidência pelo Partido Verde, Jill Stein, afirmou em entrevista à Agência Efe que esta é a "tempestade perfeita" para que um terceiro partido ganhe força frente ao presidente Barack Obama e ao republicano Mitt Romney.
Jill, escolhida recentemente como líder do Partido Verde, acredita que vai tirar proveito dos descontentes de esquerda, em um país onde um terceiro candidato raramente é decisivo e em que palavras como socialismo são tabu.
Esta médica de 62 anos, graduada em Harvard, conseguiu por enquanto algo histórico para seu partido: arrecadar o suficiente em doações para ter acesso a fundos federais eleitorais.
"Para nós é um momento decisivo, nosso momento. O povo está cansado dos políticos de Wall Street, a política de alguns poucos e querem mudanças reais", assegura Jill, uma ecologista e ativista que na semana passada foi detida por protestar em frente a um banco.
Esse tipo de contratempo não é de todo negativo para esta candidata a presidente de um partido que precisa de divulgação midiática, uma esfera onde as duas principais legendas estão gastando valores recordes.
"O dinheiro está contaminando o discurso político nos Estados Unidos e nós queremos acabar com essa política de interesses. Em vez de basear nossa campanha em anúncios de televisão, acreditamos no poder das redes sociais para despertar nossos eleitores", afirmou Jill.
A candidata verde dificilmente pode ser uma força significativa nos pleitos presidenciais, já que ocupa espaço apenas nos jornais e está ausente do debate político na televisão.
Seu partido tem que concorrer nas eleições mais caras da história dos EUA com seus US$ 290 mil em doações, contra os US$ 75 milhões recebidos pela campanha de Obama apenas no mês de julho ou os US$ 100 milhões de Romney.
Além disso, as poucas pesquisas onde se pergunta aos eleitores sobre uma terceira opção, o resultado não dá mais do que 1% de intenções de voto para o Partido Verde, embora 7% dos eleitores pudessem optar por uma terceira opção nestas eleições, segundo uma pesquisa do Gallup.
Jill não perde a esperança de repetir o feito de Ralph Nader em 2000 como candidato Verde, que ao obter 3% dos votos, foi decisivo ao desviar para si votos que seriam do democrata Al Gore, dando a vitória ao republicano George W. Bush.
"O povo está descontente com Obama e cansado da retórica infestada de negatividade quando os dois partidos tentam se diferenciar, enquanto no fundo representam os mesmos interesses", declarou Jill, que também é cantora de uma banda de música folk.
"O que querem é perpetuar o estado das coisas não trocá-las", afirmou Jill, propondo medidas polêmicas, como a legalização do consumo de maconha, a criação de impostos nas transações financeiras e o fornecimento de fundos para saúde e educação gratuitas.
Jill sabe que o voto hispânico será decisivo nestas eleições: "Por isso, aumentamos o número de pessoas que falam espanhol e temos representantes e líderes latinos no Texas e em Massachusetts muito ativos".
"Durante o mandato de Obama aconteceu o recorde de deportações e seu plano não é ajudar os imigrantes que contribuíram com o crescimento deste país como uma via para a cidadania", disse.
"O problema é mais complexo, porque as pessoas em seus países de origem se transformaram em deslocados pela guerra contra as drogas ou porque os EUA distribuem subsídios para a agricultura de modo que não permitem o desenvolvimento dos países mais ao sul", explica Jill.
Esta candidata pouco convencional quer participar dos debates presidenciais, onde só participam os candidatos dos dois grandes partidos, e que para ela "não será mais do que um encontro entre Romney e Obama cheio de discurso irrelevante, negativo e sem substância".