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Partido Socialista deve permanecer no poder em Portugal

O partido do primeiro-ministro António Costa deve obter maioria dos votos na eleição de domingo, mas precisará negociar uma coalizão para governar

ANTÓNIO COSTA: partido do primeiro-ministro governa hoje com apoio de dois grupos de extrema-esquerda, em uma coalizão batizada de "geringonça" (Rafael Marchante/Reuters)

ANTÓNIO COSTA: partido do primeiro-ministro governa hoje com apoio de dois grupos de extrema-esquerda, em uma coalizão batizada de "geringonça" (Rafael Marchante/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2019 às 06h35.

Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 06h48.

Em meio a uma leva de eleições cercadas de polêmicas e indefinições mundo afora, Portugal deve ter um pleito tranquilo neste domingo — ou quase. Contrariando a tendência de crescimento dos partidos populistas de direita, as pesquisas de intenção de voto do país mostram que o Partido Socialista, do primeiro-ministro António Costa, deve levar a maioria dos assentos no parlamento, mas não o suficiente para governar sozinho. O que ainda não está claro é com quem o PS tentará uma união para poder continuar no poder.

O sucesso de Costa no poder é creditado à política de “fim da austeridade”. Quando chegou ao cargo em 2015, substituiu o governo de Pedro Passos Coelho, de inclinação à direita, que pregava uma dura política de contenção de gastos e investimentos por parte do governo para tentar recuperar o país, um dos mais atingidos pela crise econômica que assolou a Europa no começo da década. Com uma coalizão inusitada com partidos de extrema-esquerda, chamada de “geringonça”, Costa virou a página.

A geringonça conseguiu trazer estabilidade econômica e política para Portugal. Durante os últimos quatro anos, o governo aumentou o salário mínimo do país para 600 euros por mês, reverteu os cortes em serviços públicos e reduziu o número de desempregados. É com base nesse histórico que o primeiro-ministro aposta em sua manutenção no cargo. Em discurso em Coimbra essa semana, Costa disse que sem o governo do Partido Socialista, Portugal não teria conseguido “virar a página na política de austeridade, retomar sua credibilidade internacional, manter a confiança dos investidores, reduzir as desigualdades e balancear as contas”.

O caminho para um próximo governo tranquilo estaria pavimentado, não fossem escândalos recentes que prejudicaram a imagem do partido. Um dos problemas são as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, falsificação e fraude fiscal contra o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates, que liderou o país entre 2005 e 2011. Outro é o caso Tancos, pelo qual o antigo ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, foi acusado no dia 26 de setembro de supostamente ter abafado um roubo de material militar que aconteceu em uma base do país dois anos atrás.

Segundo as pesquisas feitas pela Intercampus para o jornal português CM, o caso Tancos já prejudicou o desempenho do PS nas urnas. Na pesquisa publicada no 13 de setembro, os socialistas iriam eleger 114 deputados. Na de 3 de outubro, 104. Como o parlamento possui 230 lugares, é necessário ter apoio de pelo menos 116 parlamentares para poder governar. Logo, Costa precisará formar uma coalizão.

Ele pode refazer o acordo que tem com o Bloco de Esquerda e a Coligação Democrática Unitária, mas se o resultado nas urnas for melhor que o esperado, alguns analistas apostam que ele vai optar por se unir ao Partido Pessoas Animais Natureza (PAN), que é menos radical, ainda que alinhado com suas visões. Qualquer que seja o cenário, o político já provou que consegue fazer uma geringonça funcionar.

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