Primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, o premiê chinês, Wen Jiabao, e primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda (REUTERS / Damir Sagolj)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2013 às 16h26.
Phnom Penh - O governante Partido do Povo do Camboja (PPP) ganhou com maioria absoluta as eleições legislativas realizadas neste domingo no país asiático, mas cedeu cadeiras para uma oposição que saiu fortalecida, anunciou o ministro da Informação, Khie Kanharith.
O partido do primeiro-ministro Hun Sen obteve 68 das 123 cadeiras em jogo, frente às 55 do Partido para o Resgate Nacional do Camboja (PRNC), disse Kanarith em mensagem publicada em seu perfil no Facebook.
O porta-voz do Conselho de Ministros, Phay Siphan, confirmou os resultados ao jornal 'Cambodia Daily', que ainda não são oficiais, mas, assim que forem ratificados, mostram um retrocesso do PPC, que obteve 90 cadeiras em 2008.
O PRNC, a coalizão formada pelo Partido Sam Rainsy e o Partido para os Direitos Humanos, aumentou o número de cadeiras das últimas eleições parlamentares, de um total de 29 para 55, e saiu fortalecido.
O líder opositor Sam Rainsy deu uma entrevista coletiva em Phnom Penh onde qualificou as eleições como 'uma vitória do povo cambojano' e pediu calma aos seus seguidores até a publicação dos resultados oficiais.
Rainsy, que retornou ao país na semana passada depois de receber o perdão real após quatro anos no exílio, não pôde votar nem se apresentar como candidato, mas participou do final da campanha eleitoral de seu grupo.
O primeiro-ministro Hun Sen, apesar da perda de apoio sofrida, poderá governar sozinho, pois na última legislatura aprovou uma emenda à Constituição que diminuiu a maioria suficiente de dois terços para 50% mais um dos deputados da Assembleia Nacional.
O Comitê Nacional Eleitoral (CNE) ainda não publicou os resultados oficiais, nem forneceu os números sobre a participação nessas eleições, em que 9,6 milhões de pessoas estavam aptas a votar.
As eleições ocorrem pela quinta vez desde o restabelecimento da democracia em 1993 e transcorreram com normalidade apesar de alguns incidentes que levaram à polícia a isolar várias áreas do centro de Phnom Penh.
O secretário-geral do CNE, Tep Nytha, disse que um grupo de pessoas queimou dois veículos militares e outro da comissão eleitoral depois que não encontraram seus nomes nas listas em um colégio da capital, o que levou às forças de segurança a efetuar disparos para dispersar os arruaceiros.
Desde o início da manhã, milhares de cambojanos se aproximaram dos colégios eleitorais em que estavam registrados, onde fizeram fila e esperaram pacientemente para depositar seus votos.
Hun Sen foi dos primeiros a exercer seu direito a voto em uma seção eleitoral de Takhamau, na província de Kandal, a poucos quilômetros ao sul de Phnom Penh, onde chegou minutos depois da abertura das urnas acompanhado de Bun Rany.
O veterano líder beijou sua cédula antes de depositá-la na urna, distribuiu sorrisos no colégio eleitoral, mas evitou fazer declarações à imprensa.
No mesmo local, Sorun, de 42 anos, votou pouco depois do primeiro-ministro com a esperança de vitória para a oposição, mas com o receio de que as autoridades possam manipular os resultados.
'Se houver mudança, o Camboja vai ficar melhor. Se não, tudo continuará igual', disse Sorun, que admitiu ter medo de expressar sua opinião livremente e ressaltou que 'muitos pensam' como ela, 'mas se calam'.
Após o fechamento dos colégios, o porta-voz do PRNC, Yim Sovann, denunciou irregularidades 'inaceitáveis' nos registros de votação, o que atribuiu a uma tentativa de manipulação dos resultados pelo partido da situação.
'Muita gente não pôde votar porque seu nome não constava nas listas de eleitores, enquanto outros encontraram seus nomes, mas não puderam votar, pois alguém já o tinha feito em seu nome', declarou Sovann à Agência Efe.
Em uma avaliação preliminar, a organização Transparência Internacional também denunciou irregularidades nas listas de eleitores, mas destacou que a violência durante a campanha eleitoral foi menor em relação com as eleições anteriores.
Segundo a organização local Comitê para Eleições Livres e Justas (Comfrel) 1,25 milhão de eleitores ficaram fora do censo eleitoral.
Hun Sen dirige o Camboja desde 1985, ano em que assumiu o Executivo com a anuência do Vietnã, cujo Exército ocupou o país seis anos antes para derrubar o Khmer Vermelho.