Tailândia (Athit Perawongmetha/Reuters)
EFE
Publicado em 24 de março de 2019 às 14h39.
Última atualização em 24 de março de 2019 às 14h39.
Bangcoc - O partido pró-militar Phalang Pracharat lidera a apuração dos votos da eleição realizada neste domingo (24), na Tailândia, a primeira desde o golpe de Estado de maio de 2014.
Com 92% das urnas contabilizadas, o Phalang Pracharat conquistou 7,5 milhões de votos, seguido do partido pró-democrata Pheu Thai, com 7 milhões, e do Anakot Mai, criado em 2018, com 3,5 milhões.
A parcial foi divulgada pela Comissão Eleitoral da Tailândia, que anunciou hoje uma mudança de planos e decidiu divulgar os resultados oficiais do pleito somente amanhã. A participação, segundo o órgão, ficou em 66% do eleitorado, de 51 milhões de pessoas aptas a votar.
O diretor da Comissão Eleitoral da Tailândia, Ittiporn Boonprakong, afirmou que 1,9 milhões de eleitores votaram nulo. Além disso, 1,5 mil cédulas de votação de tailandeses que exerceram o direito ao voto na Nova Zelândia atrasaram para chegar ao país.
A vitória virtual do Phalang Pracharat, liderado pelo general Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro e principal articulador do golpe de Estado de 2014, surpreendeu. As pesquisas apontavam um triunfo tranquilo do Pheu Thai na Câmara dos Deputados. No início deste domingo, eleitores do partido pró-democracia comemoraram os resultados não-oficiais das eleições que apontavam a vitória do Pheu Thai.
"Estamos contentes com o nível de confiança que os tailandeses depositaram em nós", disse Uttama Savanayon, líder do Phalang Pracharat, que parabenizou o atual premiê por telefone.
Outra surpresa foi o bom resultado do Bhumjaithai, que ficou com o quarto lugar em número de votos após basear a campanha eleitoral na defesa da legalização completa da maconha no país.
Abhisit Vejjajva, líder do Partido Democrata, a legenda mais antiga da Tailândia, anunciou que deixará o cargo após os resultados catastróficos obtidos nas eleições. Os democratas, populares entre as classes mais ricas do país, ficaram apenas na quinta posição.
A imprensa local denunciou irregularidades na apuração dos votos algumas das 90 mil seções eleitorais do país.
O pleito não contou com observação internacional. A União Europeia (UE), que não foi convidada pelas autoridades locais para acompanhar as eleições, decidiu espalhar alguns diplomatas ao longo do país para fazer uma supervisão parcial da votação.
O desempenho do Pheu Thai, partido que venceu todas as eleições desde 2001 no país, surpreendeu. Em 2011, a legenda recebeu 15 milhões de votos e conquistou 265 cadeiras no parlamento. Yingluck Shinwatra, primeira-ministra deposta pelos militares, está atualmente no exílio, condenada à revelia a cinco anos de prisão.
Das 500 cadeiras em disputa na Câmara dos Deputados, 350 terão representantes escolhidos de acordo com as circunscrições eleitorais. As demais 150 serão ocupadas pelas listas partidárias.
Os deputados serão responsáveis por escolher o novo primeiro-ministro, em uma votação conjunta com os 250 senadores do país, grupo formado por pessoas escolhidas a dedo pela junta militar e do qual fazem parte também os chefes das Forças Armadas.
Prayut parte com vantagem para seguir no poder, já que precisará do apoio de 126 deputados eleitos para se manter como premiê.