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Partido pró-Europa vence eleição na Moldávia em meio a tensão com a Rússia

Com 50,03% dos votos, partido de Maia Sandu supera bloco pró-Rússia em eleição marcada por acusações de interferência do Kremlin

Moldávia: vitória do partido pró-europeu reacende tensão com bloco pró-Rússia e provoca protestos no país. (Daniel MIHAILESCU / AFP)

Moldávia: vitória do partido pró-europeu reacende tensão com bloco pró-Rússia e provoca protestos no país. (Daniel MIHAILESCU / AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 06h41.

O partido pró-europeu PAS, da presidente Maia Sandu, venceu as eleições legislativas na Moldávia, um pleito marcado por acusações de interferência russa, segundo os resultados oficiais publicados nesta segunda-feira, após a apuração de 99,52% das urnas.

A nação pequena — que aspira integrar a União Europeia, tem fronteira com a Ucrânia e possui uma região separatista pró-Rússia — está dividida há muitos anos entre se aproximar do bloco europeu ou manter as relações da era soviética, voltadas para Moscou.

O Partido Ação e Solidariedade (PAS), no poder desde 2021, recebeu 50,03% dos votos no domingo, superando a legenda pró-russa Bloco Patriótico, que obteve 24,26% dos votos, segundo os resultados publicados no site da Comissão Eleitoral.

"Estatisticamente falando, o PAS garantiu uma frágil maioria", comentou o analista Andrei Curararu, do centro de estudos WatchDog.md.

Ele advertiu que o "perigo não passou, porque é difícil formar um governo funcional".

Rússia é acusada de desestabilizar o governo

"O Kremlin financiou uma operação muito grande para desistir agora e poderia recorrer a protestos, subornar legisladores do PAS e utilizar outras táticas para impedir a formação de um governo pró-europeu estável", advertiu.

Um dos líderes do Bloco Patriótico, Igor Dodon, reivindicou a vitória do movimento pró-russo e convocou um protesto nesta segunda-feira na capital Chisinau, depois de acusar o PAS de manipular os resultados.

A maioria das pesquisas apontava o favoritismo do PAS.

A presidente Maia Sandu, pró-europeia, considerou o processo como as "eleições mais transcendentais" da Moldávia.

"O resultado decidirá se consolidamos nossa democracia e nos unimos à UE, ou se a Rússia nos arrastará novamente para uma zona cinzenta, nos transformando em um risco regional", escreveu Sandu na sexta-feira na rede social X.

Campanha marcada por desinformação e ciberataques

A UE afirmou durante a semana que a Moldávia enfrentava "uma campanha de desinformação sem precedentes" por parte da Rússia, enquanto o primeiro-ministro, Dorin Recean, advertiu sobre um "cerco" ao país.

A Rússia negou as acusações de que executou uma campanha de desinformação online e que buscava comprar votos e provocar distúrbios.

O serviço moldavo de cibersegurança advertiu no domingo que detectou várias tentativas de ataques contra a infraestrutura eleitoral que foram "neutralizadas em tempo real (...) sem afetar a integridade dos serviços eleitorais".

Desafios econômicos e ceticismo popular

Os eleitores da Moldávia, que tem quase 2,4 milhões de habitantes, expressaram sua frustração com as dificuldades econômicas em um dos países mais pobres da Europa.

Também apontaram o ceticismo em relação à campanha do governo para ingressar na UE, iniciada após a invasão russa contra a Ucrânia em 2022.

A eleitora Natalia Sandu, no entanto, destacou no domingo a importância das eleições: "Estamos em uma encruzilhada".

"Nossa esperança é que sigamos no caminho europeu. A alternativa é impensável, me recuso a imaginar um retrocesso", declarou a dona de casa de 34 anos.

Mas alguns de seus compatriotas sentem saudades da época soviética na Moldávia. "Quero salários e pensões mais altos (...) Quero que as coisas continuem como eram no período russo", declarou à AFP Vasile, um chaveiro e soldador de 51 anos que revelou apenas o primeiro nome.

Fragmentação parlamentar deve dificultar governabilidade

Quase 20 partidos políticos e candidatos independentes disputaram as 101 cadeiras do Parlamento.

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