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Partido governista "conquista" todas as cadeiras no Parlamento do Camboja

As eleições não contaram com a participação do principal partido de oposição, que em 2013 recebeu 44% dos votos

O Partido do Povo Cambojano (PPC) venceu todas as cadeiras no país, 125 no total (Samrang Pring/Reuters)

O Partido do Povo Cambojano (PPC) venceu todas as cadeiras no país, 125 no total (Samrang Pring/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de julho de 2018 às 10h01.

O partido do primeiro-ministro Hun Sen anunciou nesta segunda-feira que "venceu todas as cadeiras" no Parlamento nas eleições legislativas celebradas no domingo no Camboja, que não contaram com a participação do principal partido de oposição, considerado ilegal no ano passado.

O Partido do Povo Cambojano (PPC) "venceu todas as cadeiras no país", 125 no total, afirmou Sok Eysan, porta-voz da formação governista.

"O apoio esmagador do povo cambojano concedeu a Hun Sen uma nova possibilidade de continuar sua missão histórica", completou o porta-voz.

O governo chinês, fiel aliado do regime cambojano, celebrou a vitória de Hun Sen.

"Esperamos que o povo cambojano consiga culminar os grandes avanços em seu desenvolvimento", afirmou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang.

O governo dos Estados Unidos denunciou em um comunicado que as eleições "não foram livres nem equitativas". Para a Casa Branca, a votação representa o "maior fracasso da Constituição cambojana".

As eleições não contaram com a participação do principal partido de oposição, o Partido da Salvação Nacional do Camboja (CNRP), que em 2013 recebeu, de modo surpreendente, 44% dos votos.

O CNRP foi dissolvido no fim de 2017 e seu líder, Kem Sokha, detido.

"Pela primeira vez desde as eleições organizadas pela ONU em 1993, o Camboja não conta com um governo legítimo com o reconhecimento da comunidade internacional", afirmou Sam Rainsy, fundador do CNRP, que pediu sanções internacionais contra o regime cambojano.

A União Europeia e os Estados Unidos se negaram a apoiar a organização das eleições. O governo americano indicou que estuda "um aumento significativo" das restrições de vistos, uma medida já adotada no ano passado contra alguns dirigentes cambojanos.

"A questão chave agora é ver o que a comunidade internacional vai fazer", declarou à AFP Phil Robertson, vice-diretor da ONG Human Rights Watch para a Ásia.

Analistas internacionais citaram a possibilidade de sanções comerciais e financeiras contra o regime cambojano, que nos últimos anos obteve muitos recursos graças a programas de ajuda ao desenvolvimento, o que favoreceu a transição do país para a economia de mercado.

Nas ruas da capital Phnom Penh, praticamente ninguém opinava sobre os resultados divulgados pelo partido governista.

"Acho que a vida será difícil durante os próximos cinco anos", afirmou um vendedor de comida que pediu anonimato.

Apesar do pedido de boicote por parte da oposição, a Comissão Eleitoral, controlada pelo governo, anunciou que a votação de domingo teve um índice de participação de 82%, resultado superior aos 69% registrados nas eleições de 2013.

Hun Sen integrou o regime ultramaoísta dos Khmer Vermelho (1975-1979), que matou 25% da população do país, mas desertou e com 32 anos se posicionou como líder durante a ocupação vietnamita na década de 1980.

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