A presidente do Partido Quebequense, Pauline Marois: nas anteriores eleições de 2008, o NPD só tinha obtido um deputado em Québec (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2012 às 16h23.
Toronto - Quase seis milhões de pessoas vão às urnas nesta terça-feira na província canadense de Québec, a maior do país, para escolher um novo Governo provincial, sendo que o Partido Quebequense (PQ), defensor da soberania, aparece como o grande favorito.
A poucas horas da abertura dos quase 20 mil colégios eleitorais de Québec, onde 80% de seus 7,9 milhões de habitantes falam o idioma francês, a maior incerteza é se o PQ, dirigido por Pauline Marois, conseguirá obter a maioria absoluta no legislativo provincial.
O site "ThreeHundredEight.com", especializado na análise das eleições no Canadá, informou hoje que o PQ deverá obter 34,1% dos votos, o que poderia representar até 75 cadeiras das 125 da Assembleia Nacional de Québec (provincial). No pior dos casos, o Partido Quebequense governaria em minoria.
Nesta segunda, Pauline, que não explicou com clareza se convocará um novo referendo separatista como os realizados em 1980 e 1995 sob governos do PQ, disse que priorizará a formação de um "governo responsável".
Durante sua campanha, Pauline também abordou a formação de um "governo defensor da soberania" e que o objetivo do PQ é, em algum dia, conquistar a soberania da província.
O até agora governante Partido Liberal de Québec (PLQ), do primeiro-ministro provincial Jean Charest, de tendência federalista, aparece somente com 27,9% das intenções de voto, seu pior resultado eleitoral desde 1976.
O PLQ e Charest, que governaram de forma ininterrupta a província desde 2003, quando assumiram o poder que estava nas mãos do PQ, sofreram um forte desgaste nos últimos anos por causa de problemas de corrupção e, nos últimos meses, por causa das manifestações estudantis contra o aumento das taxas universitárias.
As projeções indicam que o PLQ teria entre 25 e 39 cadeiras, correndo o risco de se situar como o terceiro partido na Assembleia Nacional.
Além da disputa entre o PQ e o PQL, as eleições desta terça poderão apresentar outro grande vencedor: a Coalition Advir Québec (CAQ), formação política criada há pouco mais de ano por um empresário e antigo ministro do PQ, François Legault.
"Não sou federalista e nem separatista. Sou um nacionalista", declarou Legault, que conseguiu ganhar alguns votos do PQ por seu lado mais conservador, assim como do PLQ, cuja base popular se encontra nos anglófonos e federalistas de Québec.
Com uma política de nacionalismo econômico e uma vontade de adiar a eterna questão de um novo referendo separatista, Legault, de acordo com as previsões do site "ThreeHundredEight.com" já teria o apoio de 26,3% do eleitorado, ou seja, de 20 a 31 cadeiras.
Nas últimas horas de sua campanha eleitoral, Legault centrou seus esforços em sete circunscrições dos arredores de Montreal, onde se concentram os eleitores que tradicionalmente apoiam o PLQ.
"Acho que teremos um bom apoio dos anglófonos. Mas, acho que na próxima eleição substituiremos claramente o Partido Liberal. Agora, alguns deles vão nos provar", afirmou Legault nesta segunda em declarações ao jornalista.
É por isso que os eleitores do CAQ e de Legault se mostram mais dispostos a mudarem seus votos, quase o dobro dos eleitores declarados do PQ.
Essa volatilidade do eleitorado é quase lendária em Québec. Nas eleições de 2007, o eleitorado quebequense passou a apoiar em massa o partido Action Démocratique du Québec (ADQ), que se tinha definido como "autonomista".
De 4 cadeiras em 2003, o ADQ passou a ocupar 41 em 2007, arrebatando a condição de principal partido da oposição do PQ. Já nas eleições de 2008, o ADQ praticamente desapareceu (com 7 cadeiras) e, no começo deste ano, acabou se dissolvendo.
Em nível federal, algo parecido aconteceu na última eleição geral realizada em maio de 2011.
O Bloco Quebequense (BQ), que durante anos representou os nacionalistas quebequenses em Ottawa, passou de 47 cadeiras a 4 depois que seus eleitores migraram em massa para o social-democrata Novo Partido Democrático (NPD), que ganhou 59 das 75 cadeiras que correspondem à província no legislativo federal.
Nas anteriores eleições de 2008, o NPD só tinha obtido um deputado em Québec.