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Partido de Milei sofre derrota para peronistas nas eleições legislativas de Buenos Aires

Eleição provincial renovou 23 cadeiras no Senado e 46 na Câmara de Deputados, em um cenário simbólico diante das turbulências políticas e econômicas do governo

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 06h44.

Última atualização em 10 de setembro de 2025 às 20h35.

O partido do presidente da Argentina, Javier Milei, sofreu uma dura derrota para a oposição peronista nas eleições legislativas provinciais de Buenos Aires, consideradas cruciais às vésperas das eleições parlamentares de meio de mandato de 26 de outubro.

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O peronismo de centro-esquerda, reunido na coalizão Força Pátria, venceu com mais de 47% dos votos, contra 33,8% da governista A Liberdade Avanza (LLA), com 94% das urnas apuradas, segundo o órgão eleitoral provincial.

"Hoje tivemos uma clara derrota", disse Milei na sede de seu partido na cidade de La Plata, a capital da província. "Mas não se retrocede nem um milímetro na política de governo. O rumo não apenas se confirma, mas vamos aprofundar e acelerar mais."

O tom foi mais sóbrio do que o habitual e, ao contrário do que está acostumado, Milei não subiu ao palco com o som de rock ao fundo, mas em silêncio. Os funcionários deixaram o local após o discurso do presidente, sem declarações à imprensa.

Importância política e econômica da província de Buenos Aires

A província de Buenos Aires, governada pelo peronista de centro-esquerda Axel Kicillof, é responsável por mais de 30% do PIB argentino e reúne 40% do eleitorado nacional. A eleição renovou 23 cadeiras no Senado e 46 na Câmara dos Deputados da Legislatura provincial.

A diferença entre o peronismo opositor e a LLA foi muito maior que a prevista pela maioria das pesquisas. A taxa de participação foi de 62% dos eleitores. O ambiente era festivo na sede do Força Pátria e o governador Kicillof foi recebido com aplausos e gritos de "Se sente, Axel presidente!".

"Milei, o povo te deu uma ordem, não pode governar para os de fora, para as corporações, para aqueles que têm mais. Governe para o povo", disse Kicillof no discurso de vitória.

Escândalo de corrupção afetou eleições

O governo chegou ao pleito afetado pelo escândalo de suspeita de corrupção na agência pública para pessoas com deficiência que envolve a irmã e braço-direito do presidente, Karina Milei, e quatro dias após o Congresso reverter pela primeira vez um veto presidencial, confirmando uma lei que destina mais fundos para estas pessoas.

A gestão de Milei apoia-se no controle da inflação (de 87% nos primeiros sete meses de 2024 para 17,3% no mesmo período deste ano) e no equilíbrio fiscal. Mas o governo começou a intervir na semana passada no mercado cambial, vendendo dólares do Tesouro para conter a desvalorização do peso, que vinha se acelerando, apesar das elevadas taxas de juros.

O partido de Milei absorveu nestas eleições o PRO do ex-presidente Mauricio Macri, enquanto o peronismo conseguiu uma difícil unidade apesar de múltiplas fissuras internas.

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