Keiko e Kuczynski: "O que quer, obras para a sua região?", questionou Fujimori a Mamani (Mariana Bazo/Reuters)
EFE
Publicado em 20 de março de 2018 às 22h57.
Lima - O partido Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, revelou nesta terça-feira um vídeo no qual o irmão dela, Kenji Fujimori, e alguns congressistas ligados a ele oferecem a realização de obras públicas ao também parlamentar Moisés Mamani para que vote contra o impeachment do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski.
Em entrevista coletiva, a bancada da legenda apresentou a gravação na qual o filho mais novo do ex-presidente Alberto Fujimori se reúne com Mamani, filiado ao Força Popular, para perguntar o que deseja em troca do apoio ao atual governante.
"O que quer, obras para a sua região?", questionou Fujimori a Mamani, enquanto outro legislador, Guillermo Bocángel, oferecia contratos administrativos por meio da mesa diretora do Congresso.
Além disso, em outro vídeo, o advogado de Kuczynski, Alberto Borea, ofereceu a Mamani o número do telefone do ministro da Produção, Bruno Giuffra, para que coordene com ele como receber as obras.
Outro congressista ligado a Kenji Fujimori, Bienvenido Ramírez, garantiu a Mamani que "todos ganharam obras", após apoiarem Kuczynski na primeira sessão de votação de impeachment, realizada em dezembro do ano passado e na qual o presidente escapou da cassação devido à abstenção dos dissidentes do fujimorismo.
O porta-voz do Força Popular, Daniel Salaverry, declarou em entrevista coletiva que Mamami recebeu as mesmas ofertas antes da votação da chamada primeira moção de vacância, mas que não tinha provas como as obtidas agora.
"Sentimos indignação, dissemos naquela época. Fomos duramente criticados, talvez porque não tínhamos as provas como hoje", afirmou Salaverry.
No entanto, ao ser perguntado por jornalistas sobre as datas das gravações e os lugares nos quais as reuniões aconteceram, o porta-voz não só não quis responder como impediu que Mamami o fizesse, além de se limitar a dizer que foram feitas há poucos dias.
Mamani, por sua vez, declarou que "o governo não pode negociar o voto dos congressistas, porque engana a população dizendo que não há orçamento, mas há dinheiro para comprar congressistas".
Em declarações à rede de televisão "Canal N", o congressista Víctor Andrés García Belaúnde, do partido Ação Popular, alegou que o Kuczynski "está disposto a vender o que for, a alma ao diabo, para continuar como presidente, o que é inaceitável".
García Belaunde ressaltou que o governante "deveria se apresentar amanhã (ao plenário do Congresso) e renunciar ao cargo.
Da mesma forma se pronunciou a bancada do partido de esquerda Frente Ampla em entrevista coletiva.
"Aqueles que roubam o Peru, como Kuczynski e seus ministros lobbistas, devem ir amanhã para a prisão", afirmou a legisladora Maria Elena Foronda.
O Congresso se reunirá nesta quinta-feira para ouvir a defesa de Kuczynski sobre seus supostos vínculos com a construtora Odebrecht, para depois debater e votar a segunda moção de vacância que pode tirá-lo da presidência por permanente incapacidade moral.