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Partidários do regime no Irã pedem execução dos chefes da oposição

Chefe da autoridade judicial iraniana acusou na quinta-feira os líderes da oposição de traição

Manifestante a favor do regime atinge imagem de Musavi, líder opositor, com um sapato (AFP)

Manifestante a favor do regime atinge imagem de Musavi, líder opositor, com um sapato (AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 10h23.

Teerã - Milhares de partidários do regime iraniano se concentraram para a oração da sexta-feira na Universidade de Teerã aos gritos de "Morte a Musavi, morte a Karubi", os principais líderes opositores, como preâmbulo da manifestação prevista para mais tarde.

"Musavi e Karubi devem ser enforcados" era outro slogan cantado pela multidão, antes do início da reza do meio-dia.

As autoridades iranianas convocaram para depois das orações uma grande manifestação para expressar "seu ódio, sua ira e sua rejeição aos crimes selvagens e repugnantes dos chefes da sedição".

Com o termo "sedição", o discurso oficial designa o movimento da oposição reformista dirigida pelo ex-primeiro-ministro Mir Hussein Musavi e o ex-presidente do parlamento Mehdi Karubi desde a questionada reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em junho de 2009.

O chefe da autoridade judicial iraniana acusou na quinta-feira os líderes da oposição de traição.

"A traição dos líderes da sedição é evidente para todos e não aceitaremos que atentem contra o regime", assegurou o aiatolá Sadegh Larijani, chefe da Justiça iraniana.

Larijani reiterou que os reformistas são "apoiados pelos sionistas, por Estados Unidos e Grã-Bretanha" e assegurou que o poder impedirá aos "líderes da sedição que publiquem suas declarações".

Do campo conservador têm se multiplicado nos últimos dias os apelos por um processo "rápido" e "severo" contra Musavi e Karubi.

Na quarta-feira, Conselho para a Coordenação da Propaganda Islâmica, que organiza as grandes manifestações populares do poder, anunciou em um comunicado esta manifestação "contra os chefes da sedição".


"A população de Teerã participará, depois da oração de sexta-feira, em uma importante manifestação", indicou um comunicado o Conselho.

Musavi e Karubi, por sua vez, pediram ao governo que "ouça o povo", em declarações publicadas na quarta-feira por vários sites opositores.

"Eu os alerto, abram os ouvidos antes que seja tarde demais, e ouçam a voz do povo", afirmou o ex-presidente reformador do parlamento, Mehdi Karubi, em carta publicada em seu site Sahamnews.org.

Em uma carta em separado, publicada no site Kaleme.com, Musavi criticou as autoridades e manifestou sua satisfação pelas manifestações de segunda-feira. "A manifestação gloriosa de 25 Bahman (14 de fevereiro) é um grande êxito do povo e do Movimento Verde", escreveu.

Karubi e o ex-primeiro-ministro Mir Hussein Musavi se encontram sob prisão domiciliar de fato desde as manifestações de segunda.

Milhares e pessoas desafiaram a proibição governamental de participar em uma manifestação em Teerã, na segunda-feira, convocada por Musavi e Karubi, lançando consignas hostis ao poder.

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, afirmou que os "inimigos que planejaram protestos antigoverno vão fracassar".

"Está claro e evidente que a nação iraniana tem inimigos porque é um país que quer brilhar e alcançar seu pico, e quer mudar as relações (entre os países) no mundo", disse Ahmadinejad em entrevista ao vivo na emissora estatal.

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