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Participação e irregularidades marcam início de eleições no Egito

Partidos denunciam compra de votos de rivais, mas clima é pacífico no país

Mulher vota no Cairo: primeira eleição no Egito depois da queda de Mubarak (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Mulher vota no Cairo: primeira eleição no Egito depois da queda de Mubarak (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2011 às 13h33.

Cairo - Os egípcios compareceram em massa nesta segunda-feira aos colégios eleitorais para participarem do primeiro dia da 'maratona' eleitoral que vai eleger seu Parlamento, embora as irregularidades tenham ofuscado o evento.

Os egípcios esperaram com paciência em longas filas durante horas para poderem votar nos candidatos da primeira eleição livre no país após a renúncia do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.

Os temores sobre a segurança foram dissipados na abertura das urnas às 6h (horário de Brasília), já que o ambiente era pacífico.

No entanto, as infrações eleitorais e o caos que tomaram conta de vários colégios eleitorais mostraram os obstáculos que a transição para a democracia ainda deverá enfrentar no Egito.

Segundo denúncias de partidos políticos que puderam ser constatadas pela Agência Efe, foram registrados casos de compra de votos em diversas cidades, além de claras violações da Lei Eleitoral por legendas e candidatos independentes.

O diretor de Operações do partido Egípcios Livres - o mais importante da coligação laica Bloco Egípcio -, Walid Daudi, explicou à Efe que sua formação registrou 'muitas irregularidades', entre elas 'a compra de votos em todas as províncias'.

'Recebemos reclamações que denunciam a compra de votos; em alguns colégios há pessoas dividindo alimentos entre os eleitores, e em outros o pagamento de dinheiro diretamente', disse Daudi.

O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político do movimento islâmico Irmandade Muçulmana e grande favorito nessas eleições, denunciou no Facebook que em Alexandria foi registrado pelo menos um caso de compra de votos.

Essas acusações foram comprovadas por jornalistas da Efe, que testemunharam um homem de meia idade discretamente entregando dinheiro na entrada de uma mesa eleitoral a uma pessoa que acabava de depositar suas cédulas na urna do colégio Samaya, localizado no popular bairro de Bulaq.


Já o Partido Social-Democrata afirmou em comunicado que no Cairo, no Mar Vermelho e em Assiut seus observadores viram cédulas já seladas pelo juiz antes de serem depositadas nas urnas, e denunciou que em um colégio da capital o juiz abandonou a mesa ao meio-dia e deixou as urnas abertas.

Os partidos se acusam de não respeitarem a Lei Eleitoral e de fazerem campanha nos arredores dos colégios e inclusive dentro deles, o que também foi confirmado pela Efe em vários locais de votação nos bairros de Bulaq e Shubra.

Apesar de também terem a opção de votar na terça-feira, os eleitores do Cairo, de Alexandria e de outras sete províncias egípcias preferiram se antecipar e acabaram esperando horas para poderem exercer seu direito, já que muitos colégios abriram com atraso.

A autoridade eleitoral decidiu atrasar o fechamento desses colégios para 'depois' das 15h (horário de Brasília), horário inicialmente previsto.

Interrogado em entrevista coletiva, o presidente da Junta Eleitoral, Abdelmoaiz Ibrahim, só reconheceu duas infrações: alguns juízes - encarregados de supervisionar as eleições - se atrasaram, e as cédulas e as urnas chegaram com atraso a alguns colégios.

Por essa razão, Ibrahim anunciou a demissão imediata do chefe da operação logística no Ministério do Interior.

O complexo processo eleitoral, dividido em três fases de dois turnos cada um, faz com que nesta terça-feira os colégios voltem a abrir, o que provocou inquietação por causa das urnas que terão que permanecer uma noite nesses locais.

Ibrahim tentou tranquilizar os eleitores ao garantir que os juízes selarão com lacre as portas e janelas dos centros de votação, além das urnas. 

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