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Parlamento volta no Reino Unido e mede forças com Boris Johnson

Oposição e dissidentes do governo tentarão passar às pressas nesta semana lei que impeça o premiê Boris Johnson de sair da União Europeia sem acordo

Boris Jonhson: premiê britânico conseguiu aprovar proposta que fechará Parlamento na semana que vem, às vésperas do Brexit (Henry Nicholls/Reuters)

Boris Jonhson: premiê britânico conseguiu aprovar proposta que fechará Parlamento na semana que vem, às vésperas do Brexit (Henry Nicholls/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 06h14.

Última atualização em 3 de setembro de 2019 às 06h45.

São Paulo — O Parlamento está de volta do recesso no Reino Unido para dias que devem ser intensos. Se forem seguidos os planos do premiê Boris Johnson, os parlamentares terão a partir desta terça-feira 3 menos de um mês para discutir o melhor formato para o Brexit, a saída da União Europeia marcada para 31 de outubro.

Johnson conseguiu fazer a rainha Elizabeth II aprovar na semana passada sua proposta de suspender o Parlamento entre a semana de 9 de setembro e 14 de outubro. O plano fará os parlamentares terem menos de cinco dias úteis agora e, depois, só voltarem ao trabalho menos de três semanas antes da data negociada para o Brexit.

Embora pedir uma pausa no Parlamento para organizar o governo seja comum no começo do mandato de um primeiro-ministro, na prática, o motivo real para a decisão de Johnson foi impedir que a oposição atrapalhe suas negociações para ou ter um novo acordo com a União Europeia ou até mesmo sair sem acordo algum.

Por essa razão, setores do eleitorado e da imprensa no Reino Unido — como o jornal Financial Times e a revista The Economist — vêm criticando a decisão, uma vez que ela impede o Parlamento, eleito pela população, de interferir nos planos do premiê, eleito apenas pelos filiados de seu partido (ou 0,2% do eleitorado).

A princípio, quando o Brexit foi aprovado em referendo em 2016, a data de saída era 29 de março deste ano, mas diante da falta de um acordo que minimizasse os impactos, seguidas extensões foram negociadas pela então premiê Theresa May. Johnson, que chegou ao poder no final de julho após May não ter conseguido concluir o Brexit, se recusa a pedir nova extensão do prazo.

Um dos principais entraves para efetivar a saída é a Irlanda do Norte, sob controle do Reino Unido e geograficamente no meio do caminho entre o resto da Europa e a Irlanda, ao sul, independente.

Apesar dos dias contados, a oposição liderada pelo Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn — e com apoio de dissidentes do próprio Partido Conservador de Johnson — tentará passar uma lei que impeça o premiê de sair sem acordo e o obrigue a prorrogar as negociações até 31 de janeiro de 2020.

Johnson afirmou que se o Parlamento conseguir passar essa lei, precisará convocar uma nova eleição parlamentar em outubro (o que pode fazer legalmente).

O premiê disse que “não quer uma eleição”, mas que seria “impossível” negociar um novo acordo com a UE com os parlamentares dando a impressão de que podem adiar novamente o Brexit. Enquanto isso, a oposição vem convocando seguidos protestos populares, incluindo na manhã desta terça-feira. A corrida contra o relógio começou.

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