'Um dia voltaremos a ser 27', disse Van Rompuy, que se mostrou otimista sobre a possibilidade de o Reino Unido aderir à integração fiscal no futuro (Junko Kimura/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 11h00.
Estrasburgo - Os grandes grupos do Parlamento Europeu manifestaram nesta terça-feira sua decepção pelo resultado da última cúpula europeia, na qual foi estabelecido um pacto fiscal do qual o Reino Unido se excluiu, uma atitude que a maioria dos eurodeputados tachou de egoísta.
O Parlamento Europeu reiterou ao presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso - que reconheceram que teriam preferido um acordo aceito por todo o bloco - a falta de avanços significativos na luta contra a crise na União Europeia (UE).
Os eurodeputados acusam os líderes europeus de se preocuparem excessivamente com a austeridade em detrimento do crescimento e de terem apostado no plano B, o pacto intergovernamental, que não se regerá pelas normas estabelecidas para a reforma dos tratados e que possivelmente não dará grande protagonismo ao Parlamento Europeu.
'Não houve outra alternativa além de um tratado a 17 (membros do euro), aberto aos demais', afirmou Van Rompuy no debate.
Barroso, por sua vez, reconheceu que o acordo da quinta e sexta-feira passadas dos líderes europeus foi 'ambicioso e unânime' no conteúdo, mas não na forma.
Já o líder do Partido Popular Europeu (PPE), Joseph Daul, questionou o lugar que restará ao Reino Unido no futuro da UE e tachou o país de egoísta.
'A solidariedade é um caminho em duas direções. Não entendo porque temos que seguir tendo gestos com Londres', afirmou Daul em uma alusão que os eurodeputados ingleses interpretaram como uma ameaça ao fim do chamado 'cheque britânico' - por meio do qual o Reino Unido recupera anualmente até 66% de sua contribuição líquida à UE.
O líder dos socialistas e futuro presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também acusou o Reino Unido de falta de solidariedade e de proteger os especuladores da City, o centro financeiro de Londres.
'A cúpula não funcionou, não há pacto de crescimento, não há mais papel do Banco Central Europeu (BCE)', apontou Schulz a Van Rompuy e Barroso.
O grupo liberal foi igualmente duro e seu líder, Guy Verhofstad, deixou até de usar o inglês, o idioma que sempre usa para discursar no plenário, porque 'está fora de moda'.
Segundo o liberal flamengo, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, 'cometeu o erro de sua vida' ao não apoiar o pacto fiscal.
Enquanto isso, o líder dos euro-céticos no Parlamento Europeu, Nigel Farage, argumentou: 'Tudo isto só serve para que nesta manhã se questione o cheque britânico. É hora de fazer um plebiscito para (o Reino Unido) sair da UE e estabelecer um tratado de livre-comércio com o continente', considerou.
Barroso fechou o debate agradecendo a atitude positiva que Cameron demonstrou nesta segunda em sua intervenção diante da Câmara britânica, quando explicou aos parlamentares sua posição na cúpula.
'É importante situar o Reino Unido com os demais membros da UE. É preciso ver como sair desta situação um tanto infeliz', concluiu o presidente do Executivo comunitário.
'Um dia voltaremos a ser 27', disse Van Rompuy, que se mostrou otimista sobre a possibilidade de o Reino Unido aderir à integração fiscal no futuro.