Protestos no Peru (ERNESTO BENAVIDES/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de novembro de 2020 às 18h49.
O parlamentar centrista Francisco Sagasti foi eleito nesta segunda-feira, 16, pelo Congresso como o novo presidente do Peru o terceiro a ocupar o cargo em uma semana, com o desafio de encerrar uma crise política que levou milhares de cidadãos indignados às ruas.
Engenheiro de 76 anos que trabalhava para o Banco Mundial, Sagasti foi eleito o novo presidente do Congresso e cabe a ele assumir automaticamente a chefia de Estado, segundo a Constituição do país. Candidato único, Sagasti foi aplaudido por seus colegas no plenário assim que superou os 60 votos necessários para ocupar o cargo.
O parlamentar deverá concluir o atual período de governo, que termina em julho de 2021, após a destituição do presidente Martín Vizcarra há uma semana e a renúncia de seu sucessor, Manuel Merino, apresentada no domingo, 15.
Antes do acordo, uma primeira votação, feita à meia-noite, fracassou - o Congresso rejeitou o único nome apresentado na ocasião, Rocío Silva-Santisteban, uma defensora de direitos humanos de esquerda que conseguiu apenas 42 votos.
A crise recente começou quando o presidente Martín Vizcarra, um político popular independente que se chocava há tempos com o Congresso devido à sua posição anticorrupção, foi retirado do cargo pela legislatura na semana passada devido a alegações de corrupção - que ele nega.
Foi o segundo processo de impeachment enfrentado por Vizcarra em dois meses, após ele sobreviver ao primeiro em setembro.
Os protestos têm acontecido desde o dia 9 deste mês, quando o então presidente, Martín Vizcarra, sofreu impeachment por parte do congresso peruano. (Ernesto Benavides/Getty Images)
Merino, que como presidente do Congresso comandou as duas iniciativas de impeachment, sucedeu Vizcarra, mas também renunciou depois que duas pessoas morreram em protestos contra seu governo recém-formado e parlamentares ameaçaram afastá-lo a menos que ele deixasse o posto.
O principal tribunal do Peru também começará a debater nesta segunda-feira se o impeachment e o afastamento de Vizcarra foram constitucionais, o que pode abrir as portas para uma volta dramática.