Dos 111 votos favoráveis à celebração de uma consulta popular, cerca de 80 pertencem a parlamentares do próprio Partido Conservador, diz BBC (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2011 às 19h30.
Londres - Os deputados britânicos se opuseram nesta segunda-feira a uma moção parlamentar para a realização de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), com 483 votos contra e 111 a favor.
A proposta - apresentada pelo conservador David Nuttal e repudiada pelo primeiro-ministro David Cameron, também conservador - sugeria a realização de um referendo em maio de 2013, dando três opções aos eleitores: que o Reino Unido permanecesse na UE como atualmente, que abandonasse o bloco ou que negociasse os termos para permanecer.
Segundo a rede 'BBC', dos 111 votos favoráveis à celebração de uma consulta popular, procedentes de deputados de todos os partidos políticos, cerca de 80 pertencem a parlamentares do próprio Partido Conservador, ou seja, correligionários de David Cameron.
Embora o resultado não seja vinculante para o Executivo britânico, é incômodo para o primeiro-ministro, que enfrenta assim a primeira grande rebelião do Partido Conservador desde que chegou ao poder.
O elevado número de votos conservadores que apoiam a medida evidencia a cisão existente entre a ala mais cética do partido em relação à União Europeia.
O próprio Cameron tinha se oposto a uma consulta popular e havia pedido aos deputados de sua legenda que votassem contra, por considerar a resolução da crise da dívida da zona do euro uma prioridade, mesmo o Reino Unido não sendo parte da moeda comum. Para ele, é do 'interesse nacional' do país continuar integrado à UE.
Apesar da oposição manifesta dos três principais partidos políticos do país - Conservador, Trabalhista e Liberal-Democrata -, era pouco provável que a moção para referendo fosse aprovada. O elevado apoio dado por um grande número de parlamentares conservadores constitui uma prova da autoridade do chefe de Governo.
Outro que rechaçou a moção foi o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, que a considerou equivocada e proposta no momento errado.