Mundo

Parlamento do Iraque desafia bombardeios e elege novo presidente

As tensões também são significativas entre os dois blocos xiitas, a comunidade majoritariamente muçulmana no Iraque, e no Parlamento

A nomeação de um presidente e primeiro-ministro ocorre mais de um ano após as últimas eleições legislativas, em 10 de outubro de 2021 (Essam al-Sudani/Reuters)

A nomeação de um presidente e primeiro-ministro ocorre mais de um ano após as últimas eleições legislativas, em 10 de outubro de 2021 (Essam al-Sudani/Reuters)

A

AFP

Publicado em 13 de outubro de 2022 às 15h53.

O Parlamento iraquiano elegeu nesta quinta-feira(13) Abdel Latif Rashid como presidente da República, na esperança de encerrar um ano conturbado de crise e violência, em uma sessão marcada por disparos de foguetes que deixaram dez feridos nas proximidades.

Rashid, um engenheiro curdo de 78 anos, foi eleito por 160 votos a 99 do presidente em fim de mandato Barham Saleh, informou um funcionário da Assembleia Legislativa.

Sua primeira decisão foi nomear o líder político xiita de 52 anos, Mohammed Shia al-Sudani, como primeiro-ministro, com a missão de formar um novo governo para tirar o país da estagnação política.

Em julho, a proposta de nomear Sudani para esse cargo provocou indignação entre partidários de outro líder xiita, o clérigo Moqtada Sadr, que protestaram na Zona Verde, a mais segura de Bagdá, e invadiram o Parlamento.

As tensões foram reavivadas e nove foguetes do tipo katiusha foram lançados na Zona Verde, deixando dez feridos, incluindo seis agentes de segurança dos deputados, segundo funcionários do setor. Os disparos não foram reivindicados.

A nomeação de um presidente e primeiro-ministro ocorre mais de um ano após as últimas eleições legislativas, em 10 de outubro de 2021.

A estagnação política dificulta reformas e grandes projetos de infraestrutura em um país rico em hidrocarbonetos, mas devastado por décadas de conflito.

Neste ano, o Parlamento tentou três vezes eleger um presidente, mas em nenhuma das sessões foi atingido o quórum de dois terços.

- Tensões internas e religiosas -

No Iraque, o cargo de presidente é tradicionalmente reservado a um curdo, mas há meses os dois partidos históricos dessa comunidade disputam o cargo, sem chegar a um acordo.

As tensões também são significativas entre os dois blocos xiitas, a comunidade majoritariamente muçulmana no Iraque, e no Parlamento.

A facção liderada pelo clérigo popular Moqtada Sadr exige a dissolução do hemiciclo e eleições antecipadas. Mas o Quadro de Coordenação, uma aliança de facções pró-iranianas, pede a formação de um Executivo antes de convocar novas eleições.

Sudani, que aos 9 anos perdeu o pai, executado pelo regime de Saddam Hussein, é um dos principais representantes da oposição xiita ao ditador derrubado pela invasão americana em 2003.

O novo primeiro-ministro, formado em agronomia, "não tem um passado duvidoso nem é alvo de grandes acusações de corrupção", diz Sajad Jiyad, pesquisador do think-tank Century International.

Mas para seus oponentes "ele não tem reputação de reformista e faz parte do stablishment político", acrescentou.

As tensões atingiram um pico em 29 de agosto, quando mais de 30 apoiadores sadristas foram mortos em combates contra o exército e Hashd al-Shaabi, integrado às tropas regulares em 2017.

Veja também: 

Itália instaura novo Parlamento após vitória da extrema-direita nas eleições

Diretora-gerente do FMI pede ao Reino Unido políticas 'coerentes e consistentes'

Acompanhe tudo sobre:Iraque

Mais de Mundo

Quem são Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, patinadores russos que estavam no avião em Washington

Operação online da China teria pedido derrubada do governo da Espanha, diz relatório

União Europeia estagna com principais economias prejudicadas pela situação política

Túneis da 2ª Guerra serão transformados em atração turística de Londres