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Parlamento da França vota pelo reconhecimento da Palestina

Parlamentares votaram pelo reconhecimento do Estado palestino, em gesto que demonstra impaciência da Europa com estagnação do processo de paz


	Pessoas carregam bandeira da Palestina em protesto: medida não muda a postura da França imediatamente
 (REUTERS/Thomas Peter)

Pessoas carregam bandeira da Palestina em protesto: medida não muda a postura da França imediatamente (REUTERS/Thomas Peter)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 16h41.

Paris - Parlamentares franceses exortaram o governo nesta terça-feira a reconhecer o Estado palestino, um gesto simbólico que não irá afetar de imediato a postura da França, mas que demonstra a crescente impaciência europeia com a estagnação do processo de paz.

Embora a maioria dos países em desenvolvimento reconheça os territórios palestinos como um Estado, a maioria na nações ocidentais europeias ainda não o fez, apoiando a posição israelense e norte-americana de que um Estado palestino independente deveria emergir de negociações com Israel.

Os países europeus vêm se mostrando frustrados com Israel, que desde o fracasso das últimas conversas patrocinadas pelos Estados Unidos, em abril, tem pressionado pela construção de assentamentos em territórios que os palestinos desejam para seu Estado.

A moção recebeu o apoio de 339 parlamentares e teve 151 votos contrários. A decisão ocorre depois de a Suécia se tornar o maior país europeu ocidental a reconhecer a Palestina. Os parlamentos de Espanha, Grã-Bretanha e Irlanda realizaram votações nas quais apoiaram resoluções de cumprimento não obrigatório em favor do reconhecimento.

O texto, proposto pelos socialistas do governo e endossado por partidos de esquerda e alguns conservadores, pediu ao governo para "usar o reconhecimento de um Estado palestino com o objetivo de resolver o conflito definitivamente".

Nem o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, nem o primeiro-ministro, Manuel Valls, compareceram à votação no Parlamento. O governo declarou que não se aterá ao resultado.

"Não queremos um reconhecimento simbólico que só levará a um Estado virtual", declarou o secretário de Estado francês dos Assuntos Europeus, Harlem Desir, a legisladores em reação à moção. "Queremos um Estado palestino que seja real, por isso queremos dar uma chance às negociações".

Os palestinos dizem que as negociações fracassaram e que não têm escolha além de buscar a independência unilateralmente. O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o voto francês como "um erro grave".

Em 28 de novembro, Fabius declarou que o estatuto vigente é inaceitável e que a França iria reconhecer uma Palestina independente sem um acordo negociado se uma última iniciativa diplomática fracassasse.

Ele apoiou o prazo de dois anos para reiniciar e concluir as negociações e disse que o governo francês está trabalhando com a Grã-Bretanha e a Alemanha em um texto que poderia ser acelerado se uma resolução separada, escrita pelos palestinos, fosse apresentada.

A votação em Paris aumentou a pressão política local para que a França seja mais ativa no tema. Uma pesquisa recente mostrou que mais de 60 por cento do povo francês é favorável a um Estado palestino.

A França tem as maiores populações judia e muçulmana da Europa, e os conflitos no Oriente Médio tendem a agravar as tensões entre as duas comunidades.

Parlamentares franceses de direita criticaram a maioria socialista por apoiar o reconhecimento da Palestina como forma de conquistar votos dos muçulmanos que ficaram chocados com a lei do casamento gay, aprovada no ano passado, e com o aparente apoio do presidente francês, François Hollande, à recente intervenção de Israel em Gaza.

“Isso irá jogar combustível no fogo em uma região que certamente não precisa disso”, afirmou o líder do partido UMP, Christian Jacob, no Parlamento.

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