Protesto: coletes amarelos representam um desafio para Macron (Benoit Tessier/Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 24 de novembro de 2018 às 15h29.
A polícia francesa lançou neste sábado gás lacrimogêneo e jatos d'água contra manifestantes que participavam, no centro de Paris, da mobilização dos "coletes amarelos" contra o aumento dos combustíveis e a perda de poder aquisitivo na França.
Cerca de 3 mil policiais foram mobilizados na capital francesa contra os manifestantes, que, na última semana, protestaram bloqueando estradas e centros comerciais.
Milhares de manifestantes reuniram-se na primeira hora de hoje na avenida Champs-Élysées, onde enfrentaram a polícia, que tentava impedi-los de chegar á Praça da Concórdia, perto do Museu do Louvre e do Palácio do Eliseu.
Cerca de 81 mil pessoas manifestavam-se em toda a França às 15h locais, segundo o Ministério do Interior francês. De manhã, autoridades contabilizaram 23 mil manifestantes em todo o país. Há uma semana, quando começou o movimento, o ministério registrou 244 mil manifestantes.
Segundo o governo, 8 mil manifestantes se concentraram em Paris, 5 mil deles na Champs-Élysées. A avenida estava bloqueada pelos participantes do protesto, que montaram barricadas e queimaram mobiliário urbano.
Em todo o país, a polícia prendeu 35 pessoas, e oito ficaram feridas, segundo o ministério.
Na Champs-Élysées, segundo as forças de segurança, os manifestantes tentaram romper o cordão policial várias vezes, mas foram impedidos com gás lacrimogêneo.
"É uma manifestação que reúne pessoas de todos os tipos e idades", assinalou Marie Claire, 63. "Não quebramos nada. Acredito que pessoas que não fazem parte dos coletes amarelos se infiltraram", sugeriu.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, responsabilizou pela violência "rebeldes da extrema direita que atenderam ao chamado de Marine Le Pen (líder do partido União Nacional) para se mobilizarem em Paris.
Marine desmentiu a acusação, afirmando que nunca convocou à violência, e disse que o governo tenta torná-la bode expiatório.
Várias ações pacíficas, como manifestações e bloqueios de estradas e áreas comerciais, são realizadas em quase toda a França, dentro da mobilização contra o aumento do preço dos combustíveis e dos impostos e a queda do poder aquisitivo, uma semana após o início deste movimento.
Muitos coletes amarelos optaram por permanecer em suas regiões, por medo de confrontos na capital.
Preço elevado da gasolina, impostos excessivos, pensões e aposentadorias insuficientes: as reivindicações do movimento convergem para a perda de poder aquisitivo.
Os coletes amarelos representam um desafio para Macron, que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para "transformar" a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isto para "manter o rumo em favor da transição ecológica".
De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes, para evitar o risco de uma "fratura" social.
A convocação do "segundo ato" da mobilização foi feita nas redes sociais, principal plataforma de comunicação dos manifestantes.