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Parentes de vítimas dos ataques de 11/9 processam Arábia Saudita

O processo cobra indenização para as vítimas e seus parentes e acusa vários funcionários públicos da Arábia Saudita de estarem envolvidos no ataque

11 de setembro: dos 19 sequestradores dos aviões, 15 deles eram de nacionalidade saudita, e 3 tinham trabalhado para o governo do país (Craig Allen/Getty Images)

11 de setembro: dos 19 sequestradores dos aviões, 15 deles eram de nacionalidade saudita, e 3 tinham trabalhado para o governo do país (Craig Allen/Getty Images)

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EFE

Publicado em 20 de março de 2017 às 21h55.

Nova York - Familiares de 800 vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 entraram nesta segunda-feira com um processo no tribunal federal de Manhattan, em Nova York (EUA), contra a Arábia Saudita, país ao qual acusam de cumplicidade nos atentados, confirmaram à Agência Efe fontes judiciais.

O processo cobra indenização para as vítimas e seus parentes e acusa vários funcionários públicos da Arábia Saudita de estarem envolvidos no ataque, alegando que teriam ajudado alguns dos terroristas que sequestraram os aviões comerciais utilizados nos atentados.

O documento, apresentado pelo escritório de advocacia Kreindler & Kreindler, afirma que estes funcionários, de embaixadas sauditas, apoiaram os sequestradores Salem al-Hazmi e Khalid Al-Mihdhar um ano e meio antes dos ataques em vários aspectos, como a facilitação de "dinheiro, proteção, conselhos, contatos, transporte, assistência com o idioma e a cultura dos EUA, identificação e o acesso a cursos de treinamento de pilotos".

Além disso, a denúncia apresenta provas de que empregados da embaixada saudita na Alemanha apoiaram o líder do grupo de sequestradores, Mohammed Atta, e aponta que outro funcionário do governo da Arábia Saudita estava no mesmo hotel que vários dos terroristas no estado da Virgínia na noite anterior aos ataques.

Dos 19 sequestradores, 15 deles eram de nacionalidade saudita, e 3 tinham trabalhado para o governo do país.

Além disso, o processo diz que a família real saudita estava ciente de que fundos de várias organizações de caridade acabavam em poder da rede terrorista Al Qaeda, o que ela supostamente permitia para contar com o apoio de muçulmanos extremistas do país e permanecer assim no poder.

"Durante a década anterior ao 11 de setembro de 2001, a Arábia Saudita foi a responsável pelo financiamento substancial da Al Qaeda, que era vital para as operações da organização terrorista e seus preparativos para a materialização dos ataques de 11/9".

A denúncia aponta ainda que os oficiais da Arábia Saudita ouvidos pelas autoridades americanas depois do atentado mentiram repetidamente "negando estar em contato ou ter informações sobre assistência material que prestaram aos sequestradores e à Al Qaeda".

O escritório de advocacia que apresentou o processo civil trabalha no caso há vários anos e é especializado em defender vítimas de acidentes aéreos.

Grande parte destas acusações que constam na denúncia foram tiradas das investigações realizadas pelo FBI sobre o caso.

Os ex-presidentes George W. Bush e Barack Obama afirmaram em várias ocasiões que não há provas suficientes para ligar os ataques de 11/9 com a Arábia Saudita, mas os familiares das vítimas esperam uma possível mudança de postura com Donald Trump no poder.

A Arábia Saudita é um importante aliado dos EUA frente ao Irã, e onde Washington tem grandes interesses ligados ao petróleo.

Os familiares das vítimas apresentaram o processo poucos meses após a aprovação, no Congresso americano, da lei de "Justiça Contra os Patrocinadores do Terrorismo" (JASTA, na sigla em inglês).

A legislação permite às cortes federais americanas julgar outras nações pela ajuda em ações terroristas contra os EUA, independentemente de se o país acusado faz parte de sua lista oficial de Estados que apoiam o terrorismo.

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