Familiares de passageiros que estavam em barco que naufragou no rio Yangtsé, China (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2015 às 20h36.
Jianli - Uma furiosa parente de dois passageiros desaparecidos a bordo de um navio naufragado no rio Yangtsé acusou o governo da China de tratar o próprio povo como inimigo, enquanto autoridades tentam conter a indignação pública com o desastre.
Apenas 14 sobreviventes, um deles o capitão, foram encontrados depois que a embarcação, que transportava 456 pessoas, virou por causa de um tornado na noite de segunda-feira. Ao todo, 103 corpos foram encontrados.
A frustração com a falta de informações tem crescido entre familiares dos desaparecidos. Xia Yunchen, de 70 anos, perdeu a paciência logo após uma entrevista coletiva com autoridades nesta sexta-feira, gritando e exigindo respostas.
"É preciso tratar o povo comum, um a um, como se estivessem enfrentando algum tipo de inimigo?", disse Xia, cuja irmã e cunhado estavam a bordo do navio Eastern Star.
Xia, da cidade de Qingdao, leste do país, disse a repórteres que queria participar da entrevista para ouvir o que o governo estava dizendo e que ela queria uma investigação honesta porque membros da família duvidavam que o clima adverso fora a real causa do desastre.
"Vocês enxergam o povo comum como se fôssemos todos seu inimigo. Somos contribuintes. Apoiamos o governo. É melhor que vocês mudem suas noções sobre este relacionamento. Vocês estão aqui para nos servir. Vocês precisam ser humanos", disse Xia, antes de ser levada para fora.
A polícia, então, manteve repórteres a portas fechadas enquanto retiravam os parentes e pedestres de uma rua do lado de fora do local.
Cerca de 1.200 parentes se reuniram no condado de Jianli, na província de Hubei, onde o desastre aconteceu.