Medvedev assumirá o cargo de primeiro-ministro no início de maio, enquanto Putin será presidente (©AFP / Vladimir Rodionov)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2012 às 16h16.
Moscou - Dmitri Medvedev advertiu os russos que sua cooperação com Putin vai durar "por muito tempo", na última entrevista televisionada do presidente antes de trocar de cargo com o primeiro-ministro e ex-agente da KGB, que retorna ao Kremlin por seis, ou inclusive, doze anos.
"Acredito que é preciso relaxar. Tudo isto será por muito tempo", declarou Medvedev quando foi perguntado sobre sua troca com Putin, que já foi presidente de 2000 a 2008, durante a entrevista concedida a cinco redes de televisão.
Medvedev, um ex-subalterno de Putin na prefeitura de São Petersburgo e depois no Kremlin, catapultado à presidência russa em 2008 por seu mentor porque a lei o impedia de realizar mais de dois mandatos consecutivos, assumirá o cargo de primeiro-ministro no início de maio depois de ter deixado o Kremlin.
Para ele, trata-se de um progresso democrático que permite que "o destino do país, os processos políticos não dependam da vontade de apenas um homem".
"Parece-me normal, - disse - isto é a progressão em direção à democracia: duas pessoas como estas, três, cinco, sete, dez".
Putin foi reeleito para a presidência nas eleições de 4 de março para um mandato de seis anos, mas deu a entender recentemente que poderia se candidatar a outro depois deste, permanecendo no poder até 2024, caso seja vencedor.
O presidente russo encarnou por algum tempo a esperança da liberalização do país, mas isso não deu em nada quando em setembro anunciou que não se candidataria à reeleição para abrir espaço para Putin. No entanto, ele se apresenta como o homem da democratização do país.
"A primavera chegou, no sentido da palavra e no figurado", assegurou. "A sociedade amadureceu, a atual aceleração em direção à democracia não trará o caos, porque a sociedade mudou", acrescentou.
"Se estamos falando de pessoas que se manifestam contra o poder ou algo distinto, respeito seus direitos, é absolutamente normal", disse sobre as manifestações de milhares de pessoas hostis ao poder depois das legislativas de dezembro.