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Paralisação do governo americano completa um mês sem solução à vista

Trump se nega a assinar a lei orçamentária que não contemple os 5,7 bilhões de dólares necessários para o muro contra a imigração ilegal

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Chris Kleponis/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Chris Kleponis/Getty Images)

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AFP

Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 12h14.

Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 12h32.

Os Estados Unidos entraram, nesta terça-feira (22), no segundo mês da paralisia parcial do governo, devido à falta de acordo orçamentário no Congresso, com poucas esperanças de sair de uma crise que pesa na economia da maior potência mundial.

Desde 22 de dezembro, boa parte do governo federal está bloqueada (em "shutdown") pela queda de braço entre os democratas do Congresso e a Casa Branca sobre o financiamento de um muro na fronteira com o México, o qual o presidente Donald Trump está determinado a construir.

Trump se nega a assinar qualquer lei orçamentária que não contemple os 5,7 bilhões de dólares considerados necessários para o muro contra a imigração ilegal, uma de suas principais promessas de campanha. Os democratas se opõem ao financiamento da obra por considerá-la "imoral", custosa e ineficaz.

No sábado, Trump ofereceu estender a permanência de um milhão de imigrantes prestes a serem expulsos. Embora tenha sido rejeitada pela oposição e até por alguns republicanos, essa proposta pode servir de base para novas negociações.

O "shutdown" afeta apenas 0,5% dos trabalhadores americanos, mas influi na confiança dos consumidores, aponta uma pesquisa da Universidade de Michigan. Também prejudica a economia e o crescimento do PIB dos Estados Unidos em um momento de desaceleração para a economia mundial, dizem especialistas.

Cerca de 800.000 funcionários federais estão em licença não remunerada, ou trabalhando sem receber. Em áreas sensíveis, como Segurança Interna e transportes, o pessoal está reduzido ao mínimo.

Os parques nacionais estão sem vigias, vários museus estão fechados, e o funcionamento dos aeroportos está mais lento.

Os funcionários afetados devem receber retroativamente, mas mais de um milhão de trabalhadores terceirizados não receberá por esse período.

A Guarda Costeira "navega pelo mundo para proteger os interesses nacionais americanos, enquanto seus entes queridos devem enfrentar desafios financeiros e a ausência de salários em casa", lamentou, na segunda-feira, o almirante Karl Schultz, chefe da corporação.

"Nunca achei que fosse durar tanto", disse à AFP Carol Lopilato, de 59 anos, que desde 23 de dezembro está tecnicamente desempregada.

Funcionária da Receita Federal americana (IRS, na sigla em inglês) desde 1987, Carol não tem preocupações financeiras e se considera "sortuda".

"Mas, se isso se estender, infelizmente, aumentará a preocupação", acrescenta.

O mais longo da história americana, este "shutdown" também está tendo um custo político. Uma enquete mostrou que a maioria dos americanos responsabiliza republicanos e a Casa Branca pela crise.

Diante do risco de processos judiciais, Trump evitou usar uma lei de urgência que lhe permitiria passar por cima do Congresso e levar o muro adiante.

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