Muitos casais estão começando a se preocupar por não poderem oficializar a união (r_drewek/Thinkstock/Thinkstock)
AFP
Publicado em 4 de janeiro de 2019 às 18h13.
Última atualização em 4 de janeiro de 2019 às 18h17.
Quando Dan Pollock e sua noiva chegaram ao cartório em Washington para pegar a certidão de casamento, se surpreenderam ao encontrá-lo fechado pela paralisação parcial do governo americano.
"Nunca nos ocorreu que o cartório civil da capital tivesse financiamento federal", disse Pollock, que assim como sua noiva foi funcionário do Senado e trabalhou durante paralisações anteriores do governo pela falta de acordo no Congresso para aprovar o orçamento federal.
"Quando aparecemos, cordialmente nos mandaram embora e nos disseram que não haverá certidões até que o governo volte a funcionar", disse Pollock à AFP.
No entanto, faltando dois dias para a cerimônia, é tarde demais para mudar os planos.
"Optamos por aceitar a loucura", declarou Pollock. "De qualquer forma, todo o casamento era uma loucura, sendo assim suponho que voltaremos a Washington para oficializá-lo".
O casal publicou sua história no Twitter para mostrar o impacto nas pessoas comuns da paralisação parcial do governo, provocada pela falta de aprovação do orçamento federal diante da demanda do presidente Donald Trump de financiamento para o muro que quer construir na fronteira com o México.
O governo está paralisado desde antes do Natal e a liderança da nova maioria democrata na recém-inaugurada Câmara de Representantes se nega a ceder à exigência do presidente de 5,6 bilhões de dólares para construir o muro, uma promessa-chave de campanha e pela qual disse originalmente que o México pagaria.
Trump se negou a assinar uma série de projetos de lei de financiamento estatal até receber o dinheiro para seu muro, o que levou a uma paralisação do governo que deixou centenas de milhares de funcionários federais de licença e sem receber salário durante as festas.
O distrito de Columbia, onde está situada a capital do país, recebe parte de seus recursos do governo federal e, portanto, alguns serviços da cidade foram diretamente impactados pelo fechamento.
Enquanto nenhuma das partes dá sinais de que irá ceder, muitos casais estão começando a se preocupar por não poderem se oficializar a união.
"Vamos nos casar de qualquer jeito, celebrar nosso casamento e estamos contentes com isso", disse Claire O'Rourke, que espera 140 convidados para sua cerimônia, em 12 de janeiro.
"Mas também gostaria que a papelada tivesse terminado", relatou à rádio WTOP.
A prefeita de Washington, Muriel Bowser, consciente do que está em jogo para os cidadãos que esperam chegar ao altar, anunciou medidas extraordinárias para emitir licenças matrimoniais apesar do "shutdown".
"A prefeita Bowser proporá uma legislação de emergência para estabelecer a autoridade de emitir licenças de casamento durante a paralisação", destacou seu porta-voz, John Falcicchio.
"Assim como o Grinch não conseguiu roubar o Natal, o 'shutdown' não pode frear o amor", declarou.
Enquanto isso, o senador democrata Richard Blumenthal, para quem trabalharam Pollock e sua esposa, homenageou o "lindo casal" nas redes sociais.
"Como a chuva no dia do seu casamento, talvez as paralisações tragam boa sorte", apostou.