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Paraíso dos pinguins é ameaçado pelo aquecimento global

Os pinguins de Ilha Magdalena, extremo sul do Chile, fogem do frio para passar o inverno nas águas quentes do litoral brasileiro


	Pinguins de Magalhães: "As mudanças climáticas estão provocando um aumento nas populações de gaivotas. O prognóstico é que no futuro elas podem vir a ameaçar os pinguins”, admite Aroca
 (AFP)

Pinguins de Magalhães: "As mudanças climáticas estão provocando um aumento nas populações de gaivotas. O prognóstico é que no futuro elas podem vir a ameaçar os pinguins”, admite Aroca (AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2014 às 16h13.

Ilha Magdalena, no extremo sul do Chile, é um paraíso para dezenas de milhares de pinguins de Magalhães que chegam a cada ano para se reproduzir. Mas o aquecimento global é uma ameça tangível para a espécie, alertam os administradores desta reserva natural.

Com 85 hectares, a Ilha Magdalena, situada a 25 milhas náuticas (50 km) da cidade de Punta Arenas, no Estreito de Magalhães, possui 22 espécies de aves: 11 residentes e 11 sazonais, como o pinguim de Magalhães.

Cerca de 23 mil turistas visitam a cada ano o Monumento Nacional dos Pinguins, formado pela ilhota Marta e a Ilha Magdalena.

Os principais predadores do pinguim são a ave Skua e a gaivota dominicana, que se alimentam dos ovos e dos filhotes da espécie, explica à AFP Roberto Fernández, que há sete anos trabalha como guarda florestal na ilha.

"Atualmente, o que observamos é que o verão está demorando a chegar e se estendendo até março. As mudanças climáticas estão provocando um aumento nas populações de gaivotas, isso é certo. Seria preciso fazer um estudo de longo prazo para relacionar este aumento com uma diminuição na população dos pinguins, mas o prognóstico é que no futuro podem vir a ameaçar os pinguins”, admite Neftali Aroca, administrador do Monumento Nacional dos Pinguins, em entrevista à AFP.

A informação confirma o alerta feito por um estudo publicado em janeiro no conceituado periódico científico PLOS ONE, segundo o qual eventos climáticos extremos, como calor anormal e chuvas fortes teriam matado um grande número de jovens pinguins de Magalhães.

Este estudo, realizado ao longo de 27 anos em Punta Tombo, sul da Argentina, indica que uma média de 65% de filhotes morrem anualmente: 40% de fome e 7% devido às mudanças climáticas.

Fugindo do frio para o Brasil

A cada ano, os pinguins de Magalhães fogem do frio para passar o inverno nas águas quentes do litoral brasileiro.

Assim que se tornam grandes e fortes o suficiente para nadar, viajam cerca de 4.000 km da Ilha Magdalena até o Brasil. Durante o inverno, eles permanecem sobretudo no litoral de Santa Catarina (sul), mas não é raro ver um ou outro pinguim desgarrado ser resgatado mais ao norte, nas praias do Rio de Janeiro (sudeste).


Em meados de agosto, eles fazem a viagem de volta, descendo pelo Uruguai, passando pela Argentina até o Estreito de Magalhães, que divide os oceanos Atlântico e Pacífico, para chegar à ilha.

“Os pinguins de Magalhães vem para a ilha cumprir seu ciclo reprodutivo. Começam a chegar em setembro, perto do verão, para aproveitar os dias mais longos necessários para chocar os ovos e cuidar dos filhotes”, explica a cerca de 200 turistas Valéria Sánchez, que há cinco anos trabalha como guia em uma das várias empresas locais que oferecem viagens à ilha.

Nos primeiros meses de vida, os filhotes dependem totalmente dos pais para alimentá-los, ensina-los a nadar e protegê-los de predadores. Eles permanecem nos ninhos até que as penas estejam prontas para que possam entrar no mar e ficar independentes.

“Entre fevereiro e março, eles começam a deixar a ilha, mas este ano partiram duas a três semanas antes. Parece que quiseram se antecipar para assistir a Copa no Brasil”, brinca a Valéria, explicando na verdade que a antecipação se deveu a um amadurecimento precoce das aves nesta temporada.

Em família

Monogâmicos, estes animais têm um único parceiro por toda a vida e podem viver até 25 anos.

Os primeiros a chegar à ilha Magdalena são os machos. A eles cabe a tarefa de reconhecer o ninho escavado na terra na temporada anterior e reformá-lo, usando o que estiver ao seu alcance, como pedras e penas, para atrair a companheira. A espécie costuma usar o mesmo ninho todos os anos para se reproduzir.

As fêmeas chegam quinze dias depois dos machos e seus ansiosos companheiros começam a emitir sons similares aos de um trompete para que elas os reconheçam e o casal possa iniciar o período reprodutivo, que dura de 6 a 7 meses.

Depois de fecundadas, as fêmeas põem um ou dois ovos. Nos primeiros 12 dias, quem choca os ovos é a fêmea, que não se afasta deles nem para comer.

Após o longo jejum, os machos as substituem para que elas possam se alimentar e o casal se reveza neste trabalho de 40 a 45 dias, quando termina o período de incubação e os filhotes nascem, por volta do mês de novembro.

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