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Parada gay histórica transforma Taiwan em referência asiática

Mais de cem mil pessoas, de pelo menos 20 países, participaram do ato na capital

Mais de cem mil pessoas na parada gay de Taiwan (REUTERS/Tyrone Siu/Reuters)

Mais de cem mil pessoas na parada gay de Taiwan (REUTERS/Tyrone Siu/Reuters)

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EFE

Publicado em 28 de outubro de 2017 às 15h11.

Taipé - Taiwan se transformou neste sábado em uma referência na luta dos direitos homossexuais na Ásia com uma passeata na capital Taipé, na qual participaram mais de cem mil pessoas procedentes de mais de 20 países.

O desfile começou na Avenida Ketagalan, em frente ao Palácio Presidencial, com uma gigantesca bandeira do arco-íris que simboliza a diversidade, e rompeu as marcas de participação das 14 edições anteriores, segundo dados dos organizadores.

No colorido evento participaram pessoas de todas as identidades sexuais e idades, incluindo famílias com crianças pequenas.

"O lema deste ano é 'Faça amor, não faça guerra: educação sexual, essa é a direção" e a esperança compartilhada é a rápida legalização do casamento gay na ilha", disse à Agência Efe um porta-voz dos organizadores da passeata.

Após a sentença do Tribunal Constitucional da ilha a favor do casamento gay há cinco meses, Taiwan espera acelerar as leis pertinentes para se tornar pioneira na Ásia do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Foi no mês de maio que se declarou a inconstitucionalidade de proibir no Código Civil o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o Tribunal ordenou a legislação dessa medida no prazo de dois anos.

A passeata de hoje mostrou assim a personalidade aberta e pioneira da ilha na defesa dos direitos homossexuais e refletiu que Taiwan se transformou em refúgio para pessoas de outros países da Ásia com menos liberdades sexuais.

"Taiwan continua sendo pioneira em fomentar o respeito e a tolerância sobre o fanatismo e a discriminação", declararam representantes de 12 países e da União Europeia (UE) em comunicado emitido por ocasião da realização da marcha.

Muitos estrangeiros expressaram sua alegria por participar deste evento e experimentar um ambiente de festa, liberdade e hospitalidade em Taiwan. "No meu país não posso abrir a boca", disse à Efe um dos participantes asiáticos.

No entanto, os taiwaneses gays, bissexuais e transexuais sentem insatisfação e urgência pela aprovação do casamento gay e não querem esperar dois anos.

"Se não aprovarem logo a lei, me sentirei decepcionado e irei ao exterior para me casar", declarou à Efe Jian Shi-yu, outro dos participantes hoje.

O atraso na aprovação do casamento gay em Taiwan, apesar de contar com o apoio da presidente Tsai Ing-wen e da maioria dos parlamentares do governista Partido Democrata Progressista, afeta muitas pessoas, lembrou Eddy Chang, professor de uma universidade em Taipé.

Embora os casais homossexuais possam registrar-se na ilha, não gozam dos "direitos heterossexuais", segundo Victoria Hsu, presidente da Aliança para o Fomento dos Direitos Civis dos Casais.

O mítico lutador pelos direitos homossexuais em Taiwan, Chi Chia-wei, que acaba de receber o Prêmio Presidencial da Cultura, comentou que trocaria com gosto essas distinções pelo direito imediato dos casais do mesmo sexo a registrar seu casamento.

"Não se pode obrigar aos taiwaneses a esperar dois anos", sentenciou Chi, que foi o promotor da consulta que levou à sentença constitucional a favor do casamento gay.

Enquanto se realizava o desfile, artistas e personalidades a favor dos direitos gays se dirigiram ao público de um palco na avenida em frente ao Palácio Presidencial, onde durante a noite será realizado um show. EFE

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