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Parada de reator deixa Japão à beira de blecaute nuclear

O Japão conta agora com somente uma unidade atômica em atividade após a crise de Fukushima

O premiê Yoshihiko Noda já anunciou que se todas as unidades atômicas do país estiverem desligadas no verão, o abastecimento poderá ser reduzido em 10% (Kazuhiro Nogi/AFP)

O premiê Yoshihiko Noda já anunciou que se todas as unidades atômicas do país estiverem desligadas no verão, o abastecimento poderá ser reduzido em 10% (Kazuhiro Nogi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2012 às 09h21.

Tóquio - O desligamento nesta segunda-feira do reator 6 da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa deixou o Japão com somente uma unidade atômica em atividade após a crise de Fukushima, o que aumenta a incerteza sobre sua suficiência energética para enfrentar o verão.

No início da manhã, a Tokyo Electric Power (TEPCO), operadora da planta de Kashiwazaki-Kariwa em Niigata (noroeste) e também da acidentada central da Fukushima, anunciou a parada do reator para revisão de rotina e deixou o Japão, com 53 de seus 54 reatores detidos, à beira do blecaute nuclear completo.

Após a parada total da planta de Niigata, agora o único reator operacional no Japão é o de número 3 da planta de Tomari (na ilha setentrional de Hokkaido), que anunciou nesta segunda-feira que suspenderá as atividades em 5 de maio.

Desde a deflagração da pior crise nuclear do país em 25 anos após o devastador terremoto e tsunami de março de 2011, nenhum dos reatores do arquipélago paralisados por segurança ou para ser submetido à revisão a cada 13 meses por exigência da legislação foi reativado.

O Governo do Japão, um país que antes de Fukushima dependia 30% da energia nuclear, impôs após o acidente testes de resistência aos reatores que devem determinar se os mesmos são seguros no caso de terremoto e tsunami antes de serem colocados em funcionamento novamente.

Nesta segunda-feira, a Agência de Segurança Nuclear autorizou testes deste tipo nos reatores de Ikata, na ilha de Kyushu (sul), o que o transformam no terceiro a superar as análises de segurança.

Antes de aprovar a reativação dos reatores que passaram nos testes, o Governo quer contar com o apoio das regiões e cidades que possuem centrais e pedem maior segurança para evitar a repetição de um acidente como o de Fukushima.

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, manteve até agora este compromisso apesar de seu Governo já ter anunciado que se todas as unidades atômicas do país estiverem desligadas no verão, o abastecimento poderá ser reduzido em 10% com relação ao ano passado.


Convencer as autoridades locais a aprovar tal medida não será tarefa fácil. O de Osaka, por exemplo, terceira cidade o país, já anunciou que apoia diretamente o desmantelamento das usinas nucleares.

'A população do Japão percebeu que a energia nuclear não é segura, e a cada dia que passa com os reatores paralisados ganha força a ideia de que não são necessários', afirmou nesta segunda-feira o diretor local do Greenpeace, Junichi Sato.

Por outro lado, as elétricas esperam poder atender a demanda, que alcançará o pico durante o caloroso e úmido verão japonês, com aumento da geração em suas plantas térmicas.

'Faremos os maiores esforços para garantir abastecimento estável', prometeu nesta segunda-feira o presidente da TEPCO, Toshio Nishizawa, cuja empresa deverá tentar abastecer à região metropolitana de Tóquio, com mais de 30 milhões de habitantes, sem contar com nenhum de seus 17 reatores nucleares em funcionamento.

Durante o verão de 2011, quando 35 dos 54 reatores do Japão estavam paralisados, o Governo e as companhias elétricas pediram as empresas reduzir em 15% o consumo nos meses de maior demanda, o que levou a importantes mudanças e cortes em fábricas e no transporte público.

À incerteza sobre a viabilidade do abastecimento de energia elétrica se soma o maior custo que representa ao país asiático, muito dependente em termos energéticos, elevar a geração das plantas térmicas, que até agora implicou em aumento na despesa da importação de combustíveis fósseis.

Japão, cuja economia depende em 40% das exportações, registrou em janeiro de 2012 o maior déficit comercial nos últimos 33 anos em parte pelo incremento das importações de energia.

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