Trump: Donald Trump se alimenta deste entusiasmo e tem prazer em reproduzir seus comícios de campanha (Getty Images/Getty Images)
AFP
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 15h50.
Depois de um primeiro mês caótico na Casa Branca, os partidários mais radicais e incondicionais de Donald Trump têm um único conselho para seu ídolo: manter a ofensiva, não ceder em nada, não mudar nada.
O início do mandato do bilionário tem dado uma impressão de desorganização e amadorismo que faz o deleite de seus adversários e preocupa até mesmo as fileiras do Partido Republicano.
Mas, no sábado, Donald Trump encontrou aqueles que fizeram dele o homem mais poderoso do mundo, fazendo-o esquecer, durante um comício em um aeroporto da Flórida, Washington e seus reveses.
Esses fãs comemoraram, aplaudiram, reverenciaram e defenderam com unhas e dentes contra uma imprensa odiada. Durante mais de uma dúzia de entrevistas com AFP, todos expressaram seu apoio inabalável, apesar - ou por causa - de suas ações controversas.
Donald Trump fez a alegria da multidão, martelando temas que fazem seus partidários rugir: emprego, segurança, terrorismo, imigração. Um verdadeiro comício de campanha.
"Eu quero ainda mais", gritou Steven Migdalski, um técnico de informática de 53 anos desempregado, de Titusville, Flórida. Ele esperou sete horas para ver o presidente, cujo tom agressivo aprova com fervor.
Os vários decretos assinados desde que tomou posse também são quase unânimes, incluindo o mais controverso, suspenso pela justiça, que proibia temporariamente a entrada em território americano de cidadãos de sete países de maioria muçulmana e de todos os refugiados.
"Eu exalto seus feitos", diz Steven. "O presidente republicano tem 'culhão' - o gosto pela briga - não só para lutar contra notícias falsas", mas também contra o establishment político, afirma orgulhosamente vestindo a camisa "Duro como Trump".
O fato de que os primeiros passos do novo presidente no cenário internacional causaram espanto e preocupação, mesmo entre os aliados, encanta-o.
"Ele incomoda os tenores da globalização. E espero que eles tenham medo", insiste Migdalski.
Esta opinião é compartilhada pela maioria dos defensores ardorosos do presidente bilionário, a maioria homens brancos da classe trabalhadora e crenças cada vez mais nacionalistas.
Donald Trump se alimenta deste entusiasmo e tem prazer em reproduzir seus comícios de campanha.
"Acredito que ele precisa disso. Todos os dias, ele ouve palavras de ódio, negativas, a cada vez que ele liga a TV", diz Tammy Allen, uma trabalhadora independente de Melbourne (Flórida), que veio com três amigas com seus cartazes "As mulheres com Trump".
"Ele foi ridicularizado e humilhado. Todo mundo está contra ele. Ele precisa ver os americanos que o apoiam, que o amam...", acredita.
Jacob Wyskoski, de 18 anos, votou pela primeira vez no ano passado. Seu voto foi para Trump.
"Nós costumávamos ser os mais fortes, os maiores, a nação mais poderosa do mundo. Queremos ser assim de novo", disse o jovem, ecoando as palavras de muitos dos partidários de Trump, nostálgicos do período da Guerra Fria.
"Precisamos de alguém que esteja disposto a lutar por este país, e eu sinto que ele é esse tipo de cara, que vai para o ringue, se necessário", considera Jacob Wyskoski.
As alegações de interferência por parte da Rússia nas eleições em favor do republicano, as informações sobre as relações entre os membros da equipe de Trump e os russos antes da eleição escorregam como água nas penas de um pato.
"Vão em frente" para investigar Donald Trump, desafia Mike Sikula, um engenheiro aeroespacial na aposentadoria. "Eu o amo mais do que qualquer coisa".
As provocações, ataques contra a imprensa, a maneira abrupta como Donald Trump trata líderes estrangeiros, geram ainda mais emoção.
"Acho que é uma coisa boa", diz Mike Sikula.
Trump "deve combater tudo isso publicamente", pensa o engenheiro.
"Deve ir na televisão, tuíte, se quiser equilibrar um pouco as coisas", estima Sikula.
Em sintonia com os seus partidários, é exatamente o que o presidente faz.