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Para Jimmy Carter, solução de dois Estados foi abandonada

O ex-presidente dos Estados Unidos concluiu nesta segunda-feira uma visita de dois dias a Israel e Cisjordânia à frente do grupo "The Elders"


	Jimmy Carter: "Todos os indícios nos dizem que a solução de dois Estados foi basicamente abandonada e que nos dirigimos para uma grande Israel", afirmou o ex-presidente
 (Getty Images)

Jimmy Carter: "Todos os indícios nos dizem que a solução de dois Estados foi basicamente abandonada e que nos dirigimos para uma grande Israel", afirmou o ex-presidente (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 19h28.

Jerusalém - O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter afirmou nesta segunda-feira em Jerusalém que a solução de dois Estados para israelenses e palestinos "parece ter sido abandonada" ao mesmo tempo em que classificou como "catastrófica" a dinâmica atual "para uma solução de um Estado único".

Carter concluiu hoje uma visita de dois dias a Israel e Cisjordânia à frente do grupo "The Elders" - que reúne ex-dirigentes políticos de renome internacional - junto com a ex-primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland e a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson.

Em entrevista coletiva em Jerusalém, os três políticos veteranos advertiram que a solução de dois Estados para judeus e os palestinos "corre grave perigo e pode estar fora de alcance em breve".

"Todos os indícios nos dizem que a solução de dois Estados foi basicamente abandonada e que nos dirigimos para uma grande Israel, que vai se apropriar de todo o território entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão", afirmou Carter.

Tanto o ex-líder americano quanto Gro e Mary - que já estiveram na região em 2009 e 2010 - coincidiram em destacar que em cada visita encontram uma situação pior, tanto no que se refere à degradação dos direitos dos palestinos quanto à evolução na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, devido à expansão dos assentamentos israelenses.

"É uma situação catastrófica na qual em vez de irmos para frente estamos em muitos aspectos voltando para trás", disse Gro, para quem a evolução no terreno "não leva em absoluto o que foi estipulado nos acordos de Oslo", em referência aos acordos de 1993 entre israelenses e palestinos que abriram a porta para a solução de dois Estados.


"Cada vez que viemos, vemos mais deterioração na vida dos palestinos, é muito triste o que está acontecendo", disse Mary, que insistiu na "discriminação e na privação dos direitos dos palestinos em Jerusalém Oriental".

A ex-presidente irlandesa e Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos considerou "urgente" a conscientização da opinião pública internacional sobre o que está ocorrendo nessa parte da cidade, "cada vez mais privada de direitos e mais isolada da Cisjordânia".

Os "The Elders" se reuniram hoje em Ramala com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, a quem mostraram seu apoio na decisão de comparecer à Assembleia Geral da ONU para pedir seu reconhecimento como Estado observador e não membro.

Carter disse que Abbas garantiu que apresentaria o pedido em novembro e solicitou que os países-membros das Nações Unidas votassem em favor da reivindicação palestina.

"O reconhecimento como Estado lhes proporcionará um novo status e pode ser a única maneira de se conseguir alguma mudança, algo que tem que acontecer para corrigir esta evolução", afirmou o ex-presidente americano.

Em sua opinião, a "evolução atual para a solução de um Estado conduzirá inevitavelmente a uma dinâmica de apartheid".

Os "Elders" se reuniram no domingo em Jerusalém com o presidente israelense, Shimon Peres, e amanhã, terça-feira, partem rumo ao Egito, onde permanecerão até quinta-feira e se encontrarão com o chefe de Estado, Mohammed Mursi. 

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