Obama: "Podemos dizer de maneira definitiva que o regime de Kadafi chegou a seu fim" (Jim Watson/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2011 às 19h35.
Redação Central - A Líbia inicia nesta quinta-feira, com a morte do ex-ditador Muammar Kadafi, uma etapa crucial para estabelecer um futuro de democracia e reconciliação nacional, segundo a comunidade internacional, que alertou, no entanto, que o caminho para as mudanças será longo.
Poucas horas depois de o Conselho Nacional de Transição (CNT) confirmar o falecimento do ex-ditador em Sirte, sua cidade natal, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a morte de Kadafi abre "uma oportunidade para o povo líbio decidir seu próprio destino", e pediu para que sejam respeitados os direitos humanos.
"Podemos dizer de maneira definitiva que o regime de Kadafi chegou a seu fim", ressaltou Obama, acrescentando que "o caminho da Líbia rumo à democracia será longo".
Mais cedo, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, advertiu que a morte do ditador "não garante o fim do conflito", pois os dois lados da disputa pelo poder -forças pró-Kadafi e revolucionárias - repartiram muitas armas entre a população.
A Otan, que deve se reunir nesta quinta-feira para abordar o possível fim da missão na Líbia, afirmou em um primeiro momento que seguirá por enquanto sua operação militar para proteger aos civis.
A Aliança assumiu o controle das operações internacionais na Líbia em 31 de março e, durante este tempo, seus aviões bombardearam alvos do regime de Kadafi e seus navios garantiram a aplicação do embargo de armas imposto pela ONU.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que este dia representa uma "transição histórica" na Líbia, pediu às partes envolvidas no conflito para que deixem as armas e trabalhem pela paz, e ressaltou que é o momento de os líbios permanecerem juntos.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, declarou que o desaparecimento de Kadafi constitui uma etapa significativa na luta do povo líbio "para se libertar do regime ditatorial e violento que lhe foi imposto durante mais de 40 anos".
"Uma nova página se abre para os líbios, a da reconciliação dentro da unidade e da liberdade", acrescentou Sarkozy, que prometeu o apoio da França ao país africano.
Na mesma linha, a chanceler alemã, Angela Merkel, declarou que "este dia representa o ponto final do regime de Kadafi, é um dia importante para os líbios. Com ele acaba uma guerra sangrenta que Kadafi promoveu contra seu próprio povo. O caminho fica definitivamente livre para um novo começo político em paz".
"A Líbia deve agora empreender com rapidez mais passos decididos rumo à democracia e transformar em irreversíveis as conquistas da primavera árabe", disse Merkel, ressaltando que a Alemanha acompanhará e apoiará a Líbia neste processo.
Em Londres, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse que a população líbia tem hoje uma grande oportunidade de construir "um futuro forte e democrático", tarefa para a qual contará com a ajuda do Reino Unido. Ele também lembrou das vítimas da "brutal ditadura" de Kadafi e das que morreram no atentado de Lockerbie.
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou que, com a morte de Kadafi, a guerra na Líbia "terminou".
Por sua vez, o Vaticano, que reconheceu o CNT como "legítimo representante do povo líbio, conforme o direito internacional", expressou seu "apoio" à população e à sua transição política.
Para a União Europeia (UE), a morte de Kadafi "marca o final de uma era de despotismo e repressão" durante "tempo demais", segundo os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que pediram ao CNT que empreenda "um processo de reconciliação" dirigido a todos os líbios e permita "uma transição democrática, pacífica e transparente".