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Para combater inflação, China mira em controle fiscal

País irá cortar impostos de importação e vai aumentar o estímulo para a produção de alimentos, em uma tentativa de impedir a alta de preços

Colheita de trigo na China: combate à alta de preços (Getty Images)

Colheita de trigo na China: combate à alta de preços (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2011 às 13h11.

Pequim - A China cortará impostos de importação, dará subsídios aos pobres e aumentará o estímulo à produção de alimentos, disse na segunda-feira o ministro das Finanças chinês, Xie Xuren, indicando como o governo planeja empregar sua vasta riqueza para refrear a inflação.

Mas uma taxa cambial mais forte terá um papel menor nos esforços de estabilizar os preços, porque a valorização é uma faca de dois gumes, afirmou o ministro do Comércio chinês, Chen Deming.

Os comentários feitos pelos dois ministros numa entrevista coletiva durante a sessão anual do Parlamento da China lançou luz sobre como o país trabalha para controlar a inflação, que sobe no ritmo mais rápido dos dois últimos anos.

Embora os investidores estejam se concentrado no papel de uma política monetária mais dura e no potencial para uma moeda mais forte, Pequim parece dar importância igual aos enormes gastos estatais.

"Colocaremos uma ênfase maior na manutenção da estabilidade geral dos preços", disse Xie, ecoando o primeiro-ministro Wen Jinbao, que disse em seu relatório de trabalho no sábado que o controle da inflação era a principal prioridade do governo este ano.

Enquanto o banco central passou a uma política monetária mais apertada, o Ministério das Finanças foi incumbido de implementar uma política fiscal proativa, algo que se refere a gastos para estímulo --o que normalmente aumentaria a pressão sobre os preços.

Xie disse que o Ministério das Finanças garantirá o direcionamento de seus gastos para apoiar a luta contra a inflação.

"De acordo com a exigência de tornar a estabilidade de preços nossa prioridade principal, quando implementarmos nossas políticas fiscais, precisaremos apoiar ativamente a produção e oferta das necessidades básicas, tais como grãos, algodão, verduras, açúcar, carne, ovos e leite", afirmou ele.

Outros pontos da estratégia do governo serão a expansão do suprimento dos insumos necessários para a produção agrícola, como fertilizantes e pesticidas, e o incremento de reservas estatais de commodities chave para manter os preços estáveis, disse Xie.

"Também vamos melhorar ainda mais o sistema de segurança social, aumentando os subsídios às famílias pobres em áreas urbanas e rurais para garantir que a vida delas não seja afetada pela alta e preços."

Valorização da moeda

Em um comunicado separado, o ministro do Comércio Chen disse que a China tentará ampliar os canais para as importações de grãos e de algodão a fim de responder à demanda crescente.

Embora a demanda chinesa cada vez maior possa elevar os preços globais para essas commodities, o acesso a um suprimento maior é essencial para conter os custos de alimentos dentro da China.

A inflação dos preços ao consumidor da China subiu a um ritmo anual de 4,9 por cento em janeiro, perto do seu maior índice em mais de dois anos. O custo dos alimentos foi o principal motivo, subindo 10,3 por cento ano a ano.

Uma moeda mais forte ajudaria a reduzir os custos de importação para a China, mas o governo está relutante em deixar o iuan aumentar de valor muito rapidamente. Embora ele tenha atingido seus picos de alta contra o dólar na segunda-feira, ele ganhou apenas 4 por cento desde a desvalorização frente ao dólar em junho passado.

Chen disse que não havia razão para que a moeda se valorizasse mais rápido.

"No longo prazo, o iuan está numa tendência gradual de alta. Agora, precisamos adotar uma abordagem gradual e controlada", afirmou.

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