Juan Carlos I, rei da Espanha (c), Mariano Rajoy (e), primeiro-ministro espanhol, e Enrique Iglesias (d), secretário geral ibero-americano na abertura da 22ª Cúpula Ibero-Americana, em Cádiz (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 17h12.
Cádiz (Espanha) - Os ministros das Relações Exteriores ibero-americanos analisaram nesta sexta-feira a evolução da crise econômica mundial e concordaram que ''a austeridade é necessária, mas não é suficiente'' para recuperar o crescimento.
O ministro espanhol de Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, resumiu assim um dos eixos da Cúpula Ibero-Americana realizado em Cádiz, onde os 21 países presentes - não foi a delegação paraguaia - buscam estabelecer sinergias em um contexto de crise global.
Os chanceleres se reuniram antes da inauguração oficial da cúpula para analisar os documentos de trabalho e a declaração que aprovarão amanhã os chefes de Estado e de Governo, na qual se destaca a necessidade de recuperar o crescimento e a confiança dos mercados e desenvolver infraestruturas na América Latina.
As infraestruturas, assinalou García-Margallo, são ''a primeira manifestação prática da integração'' da região e um setor de oportunidades para as empresas espanholas.
As autoridades de exteriores abordaram as causas da crise da dívida atravessada por Espanha e Portugal e ''o tratamento para combatê-la'', que passa, acrescentou o ministro, por facilitar os investimentos de ambos os países na América Latina, através de um marco regulador, fiscal e laboral estável e uma justiça mais rápida.
Em entrevista à Efe, o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, destacou que a América Latina precisa de uma Europa forte e que sua relação com a península ibérica é profunda e ''fora de qualquer conjuntura política''.
Os chanceleres destacaram, além disso, o importante papel que podem desempenhar as pequenas e médias empresas na saída da crise, e na cúpula foi apresentado um acordo marco de colaboração para promover um Centro Ibero-Americano de Arbitragem, um mecanismo que tentará dar uma resposta rápida através da mediação às controvérsias comerciais que agora se eternizam nos tribunais.
Eles estudaram também projetos de financiamento para pequenas e médias empresas que queiram dar o salto para o outro lado do oceano e a possibilidade de que a Espanha se transforme em uma plataforma para as empresas latino-americanas que aspirem a investir no norte da África.
García-Margallo destacou neste contexto a privilegiada situação da Espanha para canalizar na América Latina os capitais de outros mercados com excesso de liquidez e apostou na criação de empresas ''compartilhadas'' espanholas e latino-americanas.
À margem das relações empresariais, os chanceleres analisaram as medidas adotadas para limitar os despejos de inquilinos, já que, como assinalou García-Margallo, há cidadãos latino-americanos que também os sofreram na Espanha ou que podem ser vítimas no futuro.
O presidente equatoriano, Rafael Correa, com cerca de 400 mil compatriotas residentes na Espanha, mostrou reiteradas vezes sua preocupação com este problema e hoje abordou a questão com o chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy.
No âmbito cultural, os ministros das Relações Exteriores estudaram a possibilidade de criar um comissário da cultura ibero-americana que, segundo García-Margallo, permitiria divulgar no mundo ''todas as culturas espanholas, a cultura na Espanha e as culturas de nossas nacionalidades e regiões''.
Os chanceleres ibero-americanos também deram seu apoio à candidatura da Espanha para ocupar um posto não permanente no Conselho de Segurança da ONU no período 2015-2016, que se traduzirá em comunicado conjunto no término da cúpula.
Também foram aprovadas, entre outras, resoluções sobre as ilhas Malvinas, o fim do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba e a inclusão dos incapacitados no mercado de trabalho.
Durante o almoço, repassaram a agenda internacional, com especial atenção para a crise no Oriente Médio, a evolução do conflito na Síria, os problemas com o Irã e a instabilidade vivida no Sahel, que, advertiu García-Margallo, pode desestabilizar os processos democráticos do norte da África.