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Para Azevêdo, não há polarização entre Sul e Norte na OMC

O candidato brasileiro à OMC criticou a ideia de que ele represente os pobres do Sul e, o outro concorrente ao cargo, um mexicano, os ricos do Norte


	Roberto Azevêdo: "seria lamentável que houvesse uma disputa ideológica neste momento em que o que a organização necessita de coesão e unidade", disse
 (Fabrice Coffrini/AFP)

Roberto Azevêdo: "seria lamentável que houvesse uma disputa ideológica neste momento em que o que a organização necessita de coesão e unidade", disse (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2013 às 12h31.

Genebra - O candidato brasileiro a diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, disse nesta terça-feira que é "totalmente artificial e falso" a ideia de que seu nome represente o Sul e do outro concorrente ao cargo, o mexicano Herminio Blanco, o Norte.

"A ideia de que o México conta com o apoio dos ricos e o Brasil dos países em desenvolvimento é totalmente artificial e falsa", afirmou Azevêdo em entrevista para a Agência Efe.

"Nossa candidatura desde o início tem o apoio de países menos desenvolvidos, de países em desenvolvimento, de países emergentes e de países desenvolvidos. E esse apoio tivemos em todos os períodos", disse.

"Isto não é uma disputa Norte-Sul. Além disso seria lamentável que houvesse uma disputa ideológica neste momento em que o que a organização necessita de coesão e unidade", argumentou Azevêdo.

A corrida para substituir o francês Pascal Lamy no comando do órgão que rege o comércio mundial foi uma árdua disputa que começou com nove candidatos, procedentes do Brasil, México, Costa Rica, Coreia do Sul, Gana, Indonésia, Jordânia, Quênia e Nova Zelândia.

Na próxima terça-feira, dia 7 de maio, a troika de embaixadores designada para escolher o candidato que obtiver maior apoio e agrupar maior consenso dos 159 países-membros da OMC informarão quem foi o eleito.

A imprensa indica que Blanco conta com o apoio da União Europeia (UE), dos Estados Unidos, dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em geral e dos membros do Fórum de Cooperação Econômica Ásia Pacífico (Apec), ao qual o México pertence.

Azevêdo não disse explicitamente quem o apoia mas frisou que conta com o suporte de nações de todos os graus de desenvolvimento, o que segundo ele se demonstra pelo fato de sua candidatura continuar em disputa.


"Meu discurso é o mesmo para todos, minha candidatura quer alcançar a todos: a liberalização econômica é boa e necessária mas precisa se adaptar às práticas políticas de cada país".

Azevêdo assumiu que as negociações na organização para destravar a Rodada de Doha, o processo de liberalização comercial paralisado há meia década, não está avançando.

"As coisas não estão na velocidade necessária. Está sendo muito difícil encontrar consensos e a verdade é que estamos atrasados", refletiu.

A ideia do candidato brasileiro, compartilhada pela maioria dos membros, é conseguir reunir posturas suficientes para que na reunião ministerial de dezembro, em Bali, seja possível chegar a um acordo sobre uma pequena parte do "pacote total" de Doha.

"Mas se não conseguirmos não será o fim do mundo. Mas vai ser um mundo mais difícil. Conseguir algo em Bali daria confiança aos membros", concluiu.

Azevêdo insistiu durante toda sua campanha que apesar de ser diplomata de carreira, de representar o Brasil desde 2008 na OMC e de contar com o apoio explícito do governo, sua candidatura é própria e não de uma nação.

Por isso, Azevêdo não dá maior importância ao fato dos dois finalistas serem latino-americanos, embora se mostre contente pelo reconhecimento que a região teve ao fornecer os candidatos para a decisão final.

Azevêdo lembrou ainda que conhece perfeitamente as engrenagens da instituição, pois durante uma década e meia se dedicou exclusivamente ao comércio multilateral, em contraposição a Blanco, que apesar de ter negociado acordos comerciais bilaterais para o México, passou a última década trabalhando na iniciativa privada.

"A situação requer que o candidato que ganhar assuma as rédeas imediatamente. Não haverá tempo para estudos". EFE

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