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Paquistão expulsa embaixador da Índia por crise na Caxemira

Dois dias depois da revogação da autonomia da Caxemira, o Paquistão suspendeu o comércio bilateral com a Índia

Caxemira: "Sabemos que a Caxemira luta e que vai explodir, mas não sabemos quando", declarou uma fonte (Danish Ismail/Reuters)

Caxemira: "Sabemos que a Caxemira luta e que vai explodir, mas não sabemos quando", declarou uma fonte (Danish Ismail/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de agosto de 2019 às 16h08.

O Paquistão anunciou nesta quarta-feira (7) a expulsão do embaixador indiano em Islamabad e a suspensão do comércio bilateral com a Índia, dois dias depois de Nova Delhi revogar a autonomia constitucional do setor da Caxemira que controla e que seu vizinho reivindica.

"Vamos chamar nosso embaixador em Delhi e expulsar o deles", declarou o ministro das Relações Exteriores paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, ao canal de televisão ARY news.

Em um comunicado, o governo do Paquistão anunciou também a "suspensão do comércio bilateral" com a Índia, em uma degradação dos laços diplomáticos entre os países arquirrivais.

O governo paquistanês também apresentará a desavença ao Conselho de Segurança da ONU.

Na segunda-feira, o governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, retirou por decreto presidencial a autonomia constitucional do estado de Jammu e da Caxemira (norte), tomando o controle dessa região majoritariamente muçulmana.

A Caxemira se divide entre Índia e Paquistão desde a independência do império colonial britânico em 1947. Ambos os países travaram duas guerras por essa região montanhosa.

Segundo Alice Wells, secretária de Estado adjunta para Ásia do Sul, Washington não foi informado sobre a movimentação de Islamabad.

"O governo indiano não consultou nem informou ao governo americano antes de revogar o estatuto constitucional especial de Jammu e Caxemira", afirmou Wells em um tuíte.

No começo desta semana, os Estados Unidos pediram a paz e o respeito dos direitos na Caxemira.

Terceiro dia de bloqueio

Nesta quarta-feira, o bloqueio imposto por Nova Delhi à Caxemira indiana chegou ao terceiro dia, com pelo menos um manifestante morto.

"Sabemos que a Caxemira luta e que vai explodir, mas não sabemos quando", declarou à AFP uma fonte das forças de segurança no vale de Srinagar.

Apesar da grande presença das forças de segurança e de restrições de deslocamentos e reuniões em vigor, algumas manifestações esporádicas foram registradas na cidade de Srinagar.

Uma fonte policial, que pediu anonimato, declarou à AFP que na terça-feira um jovem manifestante perseguido pelas forças de segurança na área histórica da cidade "pulou no rio Jhelum e morreu".

Mais de 100 pessoas, incluindo líderes políticos locais, foram detidas nos últimos dias, informou a agência Press Trust of India, com base em informações de funcionários da administração.

Srinagar é considerada um reduto dos protestos contra a Índia, que boa parte da população da Caxemira, majoritariamente muçulmana, considera uma força de ocupação.

As manifestações deixaram pelo menos seis feridos, de acordo com informações obtidas pela AFP.

As autoridades indianas, no entanto, afirmam que a situação nesta área de fronteira é de calma.

Há vários dias as ruas de Srinagar são dominadas pelo silêncio. Tropas indianas estabeleceram postos de controle com alambrados e apenas os pássaros e cães circulam com liberdade pela cidade.

Os jornalistas não são autorizados a passar pelos postos de controle militares.

"É um bloqueio sem precedentes", afirmou um fotógrafo que trabalha na região há mais de 30 anos e que pediu para não ter o nome divulgado.

Os moradores reclamam da situação.

"Durante dias (as autoridades) mentiram para nós sobre ameaças terroristas. Pelo menos todos fizeram estoques antes de nos enjaularem", disse um deles à AFP.

Decido ao bloqueio era quase impossível ter uma visão de conjunto da situação na Caxemira, inclusive para as próprias autoridades.

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