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Paquistão é fragilizado por ordem de prisão e manifestações

O governo paquistanês sofreu um revés nesta terça-feira com o mandado de prisão emitido pelo Supremo Tribunal contra o premiê e com os inúmeros protestos oposicionistas


	Manifestantes protestam em Islamabad: desde a noite de segunda-feira, a capital é palco de manifestações de milhares de pessoas lideradas por um influente chefe religioso
 (Farooq Naeem/AFP)

Manifestantes protestam em Islamabad: desde a noite de segunda-feira, a capital é palco de manifestações de milhares de pessoas lideradas por um influente chefe religioso (Farooq Naeem/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 11h05.

Islamabad - O governo paquistanês sofreu um revés nesta terça-feira com o mandado de prisão emitido pelo Supremo Tribunal contra o primeiro-ministro, suspeito em um caso de corrupção, e fragilizado por uma manifestação em massa anti-governo na capital Islamabad liderada pelo opositor Tahir ul-Qadri.

O governo paquistanês, no entanto, afirma não ter sido notificado de qualquer mandado de prisão contra Raja Pervez Ashraf.

"Até agora não recebemos qualquer documento escrito do Tribunal Supremo. O Governo, o ministro da Justiça e o primeiro-ministro não receberam nada", declarou o ministro da Informação, Qamar Zaman Kaira.

O Supremo Tribunal ordenou a prisão do chefe do Governo, suspeito, assim como outras quinze pessoas, de corrupção em um caso de contratos ilegais de energia, informou à AFP um advogado do governo, Aamir Abbas.

Ligado ao presidente Asif Ali Zardari, Ashraf foi nomeado primeiro-ministro em junho passado, substituindo Yussuf Raza Gilani, forçado a renunciar pelo Supremo Tribunal Federal por se recusar a reabrir uma investigação de corrupção contra o chefe de Estado.

O anúncio ocorre em um período de grande tensão. Desde a noite de segunda-feira, a capital, Islamabad, é palco de manifestações de milhares de pessoas lideradas por um influente chefe religioso que denuncia a incompetência e a corrupção das autoridades.

Esta é a maior mobilização organizada pela oposição na capital desde que chegou ao poder o presidente Zardari, ao final do regime militar de Pervez Musharraf, derrubado em 2008 após uma série de protestos da sociedade civil.


"Eu vou ficar" e "eu quero que vocês fiquem até amanhã", declarou a seus partidários Qadri, um paquistanês-canadense que retornou em dezembro de Toronto, depois de anos no exílio.

"Vou me pronunciar novamente amanhã. Com a esperança de que não precisaremos ficar por mais tempo", acrescentou, depois de um discurso contundente no qual criticou a elite de proprietários de terras e industriais, que "confiscam o poder à custa das massas pobres".

Ele considerou o poder e os partidos políticos tradicionais como responsáveis por todos os males que afligem o Paquistão há cinco anos, do terrorismo à pobreza, passando pela corrupção e a crise energética.

Qadri, no entanto, prestou homenagem ao Exército, regularmente acusado de provocar desordem ao lado de alguns grupos extremistas, e ao Poder Judiciário.

Ele defendeu-se da acusação de ser manipulado, respondendo aos críticos que acreditam que o Exército, a instituição mais poderosa do país, e países estrangeiros o exploram para atrapalhar o processo democrático eleitoral e desacreditar os partidos tradicionais.

Essa mobilização ocorre no momento que o frágil governo de Zardari concluirá nesta primavera (boreal) seu mandato de cinco anos, uma novidade em um país onde os golpes de Estado são comuns.

As eleições gerais serão realizadas em meados de maio.


Um dos principais opositores ao governo, Imran Khan, pediu que o chefe de Estado renuncie imediatamente, considerando ser impossível que as próximas eleições sejam livres e transparentes enquanto ele estiver no cargo.

Qadri lançou um ultimato ao governo para dissolver rapidamente o Parlamento e as Assembleias provinciais.

Breves confrontos entre manifestantes e a polícia ocorreram nesta manhã, sem feridos graves. As forças de ordem conseguiram conter a multidão antes de entrar no bairro do Parlamento, localizado a poucas centenas de metros.

Tahir ul-Qadri, considerado um moderado à frente de uma importante rede religiosa de caridade e educacional no país, com apoio do exterior, espera uma manifestação similar à praça Tahrir, no Cairo, que levou a queda do presidente Hosni Mubarak em 2011.

Nos termos da Constituição paquistanesa, um governo de transição deve ser nomeado após o final da legislatura e da dissolução do Parlamento, prevista para meados de março, para gerir o país até a posse do novo governo eleito.

Qadri exige que esta administração provisória seja formada em consulta com o Exército e a Justiça, e não só pelos grandes partidos tradicionais. Será, de acordo com ele, a melhor maneira de assegurar que "pessoas honestas" sejam eleitas.

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