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Paquistão boicota filme "A Hora mais Escura" e seriados

Distribuidores de cinema e redes de TV estão boicotando o filme sobre a caçada a Osama bin Laden e populares séries americanas


	Atores participam da filmagem de "A Hora Mais Escura" na Índia: os boicotes são a mais recente forma de censura não oficial no país conservador
 (Strdel/AFP)

Atores participam da filmagem de "A Hora Mais Escura" na Índia: os boicotes são a mais recente forma de censura não oficial no país conservador (Strdel/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 12h18.

Karachi - Distribuidores de cinema e redes de televisão paquistaneses estão boicotando um filme indicado ao Oscar sobre a caçada a Osama bin Laden e populares séries americanas para evitar ofender o público ou provocar uma reação violenta de seus cidadãos.

O Paquistão pode ter um papel de destaque em "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow, que conta a história da caçada de 10 anos da CIA em busca do idealizador dos atentados de 9 de setembro de 2011, mas cinemas locais estão se mantendo distantes de um filme que, segundo eles, pode fazer as pessoas se sentirem humilhadas.

Um distribuidor de tv a cabo também está bloqueando a transmissão da série "Homeland", estrelada por Claire Danes, e de "Last Resort" por serem contra o interesse nacional.

Os boicotes são a mais recente forma de censura não oficial no país conservador, onde o YouTube foi bloqueado por quatro meses devido ao trailer do filme americano, considerado ofensivo aos muçulmanos.

"A Hora Mais Escura" chegou ao topo das bilheterias americanas e recebeu cinco indicações ao Oscar. Mas no Paquistão a ação para matar Bin Laden é considerada um dos incidentes mais constrangedores da história do país.

Uma equipe SEAL da marinha americana matou o chefe da Al-Qaeda em seu esconderijo, localizado perto de uma academia militar do país, no dia 2 de maio de 2011, constrangendo os líderes paquistaneses, que insistiam que Bin Laden estava morto e expondo seu exército a acusações de incompetência e conluio com a Al-Qaeda.


"Nós não trouxemos e mais ninguém comprou 'A Hora Mais Escura'", afirmou Mohsin Yaseen, um representante da distribuidora de filmes Cinepax.

Ele descreveu a produção como "pró-americana", apesar das controvérsias nos Estados Unidos sobre as chamadas "técnicas de interrogação avançadas", amplamente vistas como tortura.

"Ele tem várias cenas que poderia nos fazer sentir humilhados. É contra os interesses da nação paquistanesa", afirmou Yaseen.

O chefe do Conselho de Censores do Filmes disse à AFP que não analisou "A Hora Mais Escura" porque não houve nenhum pedido para isso.

Em 2010, os censores baniram a comédia indiana de Bollywood "Tere bin Laden", que satirizava o líder da Al-Qaeda, sob alegações de que poderia ofender muçulmanos e incitar ataques suicidas.

A Max Media, que tem os direitos no Paquistão da rede de televisão a cabo Star World, se recusa a transmitir "Homeland" e o drama "Last Resort".

Enquanto "Last Resort" mostra ataques nucleares americanos contra o Paquistão, o país é citado apenas brevemente em "Homeland", série estrelada por Damian Lewis, um militar americano que também é suspeito de ser um agente da Al-Qaeda.

"Acreditamos fortemente que programas como 'Homeland' e 'Last Resort' são contra nosso interesse nacional, valores culturais e ideologia", afirmou um funcionário da Max Media que não quis se identificar.

Ele disse que os programas foram suspensos de acordo com um código de conduta da Autoridade Reguladora de Mídia Eletrônica do Paquistão e advertiu que mesmo "uma referência vaga sobre o Islã pode inflamar a violência no Paquistão".

Mas um próspero comércio de DVDs piratas permite que paquistaneses assistam o que quiserem na privacidade de suas casas, e "A Hora Mais Escura", "Homeland" e "Last Resort" são grandes vendedores.

"Não temos quaisquer ameaças ou preocupações, e ninguém nos fez parar de vender esses DVDs", afirmou um vendedor em uma popular loja de Islamabad.

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