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Papa viaja ao Cazaquistão com mensagem de paz à Ásia Central

Pontífice irá participar de uma cúpula interreligiosa na região

O papa deve desembarcar por volta das 18h00 locais (9h00 de Brasília) em Nur-Sultan, onde irá ao palácio presidencial e fará um primeiro discurso às autoridades e funcionários diplomáticos (Remo Casilli/Reuters)

O papa deve desembarcar por volta das 18h00 locais (9h00 de Brasília) em Nur-Sultan, onde irá ao palácio presidencial e fará um primeiro discurso às autoridades e funcionários diplomáticos (Remo Casilli/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de setembro de 2022 às 10h26.

O papa Francisco chegou nesta terça-feira (13) à capital do Cazaquistão, Nur-Sultan, para uma visita de três dias para participar de uma cúpula interreligiosa marcada pela ausência do patriarca ortodoxo russo Kirill, com as tensões pela guerra da Ucrânia como pano de fundo.

Seu avião pousou pouco depois das 17h15 (08h15 no horário de Brasília), disse um jornalista da AFP a bordo.

O papa é esperado pelo presidente Kasim Yomart Tokaev no palácio presidencial e depois pronunciará um primeiro discurso diante das autoridades e do corpo diplomático.

Francisco, de 85 anos, disse no domingo que a 38ª viagem desde sua eleição em 2013 seria “uma oportunidade” para ter “um diálogo de irmãos, animados pelo desejo comum de paz, uma paz pela qual nosso mundo anseia”.

Inicialmente, era esperada a presença do patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa, próximo ao presidente Vladimir Putin, mas o religioso russo cancelou sua participação na cúpula sem dar motivos, varrendo as esperanças de Francisco de falar sobre a guerra na Ucrânia.

As opiniões de ambos os líderes religiosos colidem nesta questão: o papa pediu paz e denuncia "uma guerra cruel e sem sentido", enquanto Kirill defende a "operação militar" e a luta contra "inimigos internos e externos" da Rússia.

Cem delegações de cerca de 50 países participarão nos dias 14 e 15 de setembro deste evento no Cazaquistão, ex-república soviética que se tornou independente em 1991.

"Diálogo, reaproximação, busca de paz entre diferentes religiões e mundos culturais estão no centro desta jornada", disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, na segunda-feira.

O papa deve desembarcar por volta das 18h00 locais (9h00 de Brasília) em Nur-Sultan, onde irá ao palácio presidencial e fará um primeiro discurso às autoridades e funcionários diplomáticos.

Tensões

Antes, o pontífice será recebido pelo presidente Kassym Khomart Tokayev. O líder de 69 anos é um aliado da Rússia, mas a invasão da Ucrânia em fevereiro prejudicou seu relacionamento.

Tokayev evitou endossar a invasão e teme um renascimento das ambições imperiais de Moscou no norte do Cazaquistão, onde há uma grande comunidade russa.

Localizado ao sul da Rússia, o Cazaquistão faz fronteira com outras ex-repúblicas soviéticas, bem como com a China e o Mar Cáspio.

Na quarta-feira, Francisco liderará a abertura da sessão plenária do Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais e oficiará uma missa à tarde.

Na quinta-feira, ele encerrará sua visita com um encontro com líderes católicos.

O presidente chinês, Xi Jinping, estará neste país da Ásia Central ao mesmo tempo que Francisco, mas nenhuma reunião é esperada, apesar das esperanças do Vaticano de renovar um acordo histórico para nomear seus bispos no gigante asiático.

Rico em recursos energéticos, o Cazaquistão tem 19 milhões de habitantes, dos quais 70% são muçulmanos sunitas e 25% são cristãos, principalmente ortodoxos russos. Apenas 1% é católico.

Tokayev iniciou uma série de reformas após sua eleição em 2019, mas o país foi abalado por protestos contra os altos preços dos combustíveis no início do ano, que deixaram 200 mortos e destruíram sua imagem de estabilidade.

Francisco é o segundo papa a visitar o Cazaquistão. João Paulo II visitou o país em setembro de 2001.

Na semana passada, o papa argentino disse que os médicos o desaconselharam de viajar para a Ucrânia ou Moscou enquanto se recupera dos problemas no joelho que o forçaram a cancelar vários compromissos do Vaticano.

Veja também: 

Ofensiva ucraniana: o que se sabe sobre o avanço recente da Ucrânia na guerra

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