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Papa usa a palavra genocídio em discurso na Armênia

Papa não se intimidou em usar a palavra "genocídio" para se referir ao extermínio de 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano há um século


	Papa Francisco: Santa Sé não previa o termo "genocídio" nos discursos de Francisco
 (REUTERS/Alberto Pizzoli)

Papa Francisco: Santa Sé não previa o termo "genocídio" nos discursos de Francisco (REUTERS/Alberto Pizzoli)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2016 às 18h49.

Em seu primeiro dia de viagem à Armênia, o papa Francisco não se intimidou em usar a palavra "genocídio" para se referir ao extermínio de 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano há um século, mesmo sabendo que o vocábulo poderia desencadear um mal-estar diplomático com a Turquia, como já ocorreu no ano passado.

A Santa Sé não previa o termo "genocídio" nos discursos de Francisco, porém o líder católico não quis renunciar à palavra e a disse, em alto e bom som, na capital Erevan, dentro do Palácio Presidencial e diante das autoridades armênias, inclusive do presidente armênio Serzh Sargsyan.

Relembrando um encontro que teve com Sargsyan no dia 12 de abril de 2015, na Basílica Vaticana, o papa disse hoje (24) que, "naquela ocasião, se fez a memória do centenário de Metz Yeghern, o 'Grande Mal' que atingiu este povo e causou a morte de milhares de pessoas".

"Aquela tragédia, aquele genocídio, abriu um triste elenco de imagens catastróficas do século passado, tornadas possíveis por motivações racionais, ideológicas ou religiosas aberrantes", disse Francisco, fazendo uma pausa e acrescentando a palavra "genocídio" à fala.

O discurso foi proferido no Palácio Presidencial, em uma cerimônia com as autoridades locais e o corpo diplomático, seu primeiro compromisso da viagem de três dias que faz à Armênia.

A declaração do líder católico deve provocar novas críticas do governo turno, que recentemente convocou o embaixador na Alemanha após Berlim aprovar uma resolução sobre o genocídio armênio.

"Tendo diante dos nossos olhos os nefastos episódios conduzidos no século passado pelo ódio, preconceito e desenfreado desejo de domínio, espero vivamente que a humanidade saiba tirar destas trágicas experiências o ensinamento para agir com responsabilidade e sabedoria para prevenir os perigos de cair novamente em tais horrores", disse o papa.

"É preciso multiplicar os esforços para que sempre prevaleça o diálogo nas desavenças internacionais e a constante e genuína busca pela paz, assim como a colaboração entre os Estados e o assíduo empenho dos organismos internacionais para que seja construído um clima de confiança propício a alcançar acordos duradouros".

Em suas primeiras horas na Armênia, Francisco também condenou as divisões e guerras atuais. "O mundo está muito marcado por divisões e conflitos, assim como por graves formas de pobreza material e espiritual, entre eles a exploração de pessoas, de crianças, de idosos".

Serzh Sargsyan, por sua vez, ressaltou que, em breve, a Armênia completará 25 anos de independência da União Soviética e que "muitas coisas importantes aconteceram nesse período, entre eles a visita de João Paulo II", ocorrida em 2001.

Primeiro país cristão

Francisco visita a Armênia a convite do patriarca Karekin II e autoridades políticas do país. A Armênia é considerada “o primeiro país cristão”, pois o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador.

O rito armênio é um dos mais antigos do cristianismo do Oriente, com origens que remontam à época apostólica com Tadeus e Bartolomeu – considerados os Apóstolos do país.

Esta é a segunda visita de um papa ao país.  João Paulo II esteve na Armênia em 2001.

*Com informações da Rádio Vaticano

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