Vaticano: o papa afirmou que algumas destas atitudes evocam o "período entreguerras" (Alessandro Bianchi/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 10h31.
Cidade do Vaticano - O papa Francisco expressou nesta segunda-feira sua preocupação com o ressurgimento de tendências populistas e nacionalistas nas relações internacionais, algumas das quais "evocam o período entreguerras", em discurso dirigido ao corpo diplomático credenciado no Vaticano.
"A comunidade internacional e o sistema multilateral no seu conjunto estão atravessando momentos de dificuldade, com o ressurgir de tendências nacionalistas que minam a vocação das organizações internacionais de ser um espaço de diálogo e encontro para todos os países", afirmou o papa.
"Algumas destas atitudes evocam o período entreguerras, no qual as tendências populistas e nacionalistas prevaleceram sobre a ação da Sociedade de Nações", acrescentou.
Francisco destacou ainda que "a reaparição de correntes semelhantes está debilitando progressivamente o sistema multilateral".
Além disso, declarou estar preocupado com "o ressurgir da tendência a fazer prevalecer e a perseguir os interesses de cada nação sem recorrer aos instrumentos que o direito internacional prevê para resolver tais controvérsias e assegurar o respeito da Justiça, também através dos tribunais internacionais".
Em seu discurso, o papa também criticou alguns governantes quando disse que as políticas nacionais estão "condicionadas cada vez com maior frequência pela busca de um consenso imediato e sectário, em lugar de buscar pacientemente o bem comum com respostas em longo prazo".
"Em particular, é também o resultado da crescente preponderância de poderes e grupos de interesse nos organismos internacionais que impõem a própria visão e ideias, desencadeando novas formas de colonização ideológica, que frequentemente não respeitam a identidade, a dignidade e a sensibilidade dos povos", completou.
Por fim, o papa considerou oportuno que "os políticos escutem a voz dos seus povos e busquem soluções concretas para favorecer o bem maior", pois com frequência os cidadãos sentem que suas necessidades reais não são atendidas.