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Papa pede recuperação da fé e reitera casamento heterosexual

Francisco assegurou também que a fé não é intransigente e o crente não é arrogante, e que a fé "sem verdade, não salva"

O papa Francisco: o papa reiterou que o casamento é "a união estável entre um homem e uma mulher", exortando o casal a cultivar a fé na família, com os filhos. (REUTERS/Alessandro Bianchi)

O papa Francisco: o papa reiterou que o casamento é "a união estável entre um homem e uma mulher", exortando o casal a cultivar a fé na família, com os filhos. (REUTERS/Alessandro Bianchi)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2013 às 17h10.

Cidade do Vaticano - Quatro meses após chegar ao pontificado, o papa Francisco publicou nesta sexta-feira sua primeira encíclica, a "Lumen fidei" (A luz da fé), na qual ressaltou a necessidade de recuperar a fé no mundo atual "no qual ela é vista como um salto ao vazio que impede a liberdade do homem".

Francisco assegurou também que a fé não é intransigente e o crente não é arrogante, e que a fé "sem verdade, não salva".

O papa reiterou que o casamento é "a união estável entre um homem e uma mulher", exortando o casal a cultivar a fé na família, com os filhos.

A encíclica foi escrita em um tempo recorde e na mesma Francisco recolhe as reflexões sobre a fé escritas por Bento XVI antes de renunciar ao Pontificado, por isso que é considerada como escrita a "quatro mãos" e se soma às encíclicas de Bento XVI sobre a caridade e a esperança.

O papa revelou que Bento XVI já havia praticamente completado esta encíclica. "Eu o agradeço e assumo seu valioso trabalho acrescentando ao texto algumas contribuições", assinalou, por isso os observadores vaticanos a consideram a primeira de Bergoglio e a última de Ratzinger.

"É urgente recuperar o caráter de luz próprio da fé, pois quando sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam enfraquecendo", ressaltou Francisco no texto, no qual assegurou que se a fé em Deus desaparecer de nossas cidades, "a confiança entre os homens ficaria fraca, e eles unidos só pelo medo".


O texto começa com uma referência a Nietzsche, que criticava o cristianismo por ter rebaixado a existência humana, "tirando novidade e aventura da vida".

O papa assinalou que para o filósofo a fé era uma miragem que impede avançar como homens livres rumo ao futuro e que a fé acabava associada à escuridão.

"Quando falta a luz, tudo se torna confuso, é impossível distinguir o bem do mal", disse Francisco, exortando os cristãos a "não ter vergonha de se confessar publicamente a Deus, porque a fé ilumina a vida social".

Francisco afirmou que a fé não é um fato que pode ser dado como certo, "mas um dom de Deus que deve ser alimentado e fortalecido", e também não algo privado ou uma opinião subjetiva, "mas nasce da escuta e é destinada a se transformar em anúncio".

O papa destacou que a fé sem verdade não salva, não dá segurança e que por isso recuperar a conexão da fé com a verdade é hoje mais necessário do que nunca "devido à crise de verdade em que nos encontramos".

"Na cultura contemporânea se tende frequentemente a aceitar como verdade só a verdade tecnológica, o que o homem pode construir e medir com a ciência. A grande verdade, a que explica a vida pessoal e social é vista com suspeita", denunciou o papa.


Francisco assegurou que a verdade não se impõe com a violência e não achata a pessoa, e que por isso a fé não é intransigente e o crente não é arrogante, "ao contrário, a verdade o torna humilde".

No texto, o papa argentino lançando mão de João Paulo II indicou que a fé e a razão se reforçam mutuamente, que os sacramentos são fundamentais para a transmissão da fé e que o primeiro âmbito que a fé ilumina é a família.

O papa Francisco também se refere aos jovens e assinalou que a Jornada Mundial da Juventude - a próxima será do dia 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro - é um momento nos quais os rapazes "manifestam a alegria da fé, já que aspiram a uma vida grande".

Francisco escreveu também que a fé está unida à esperança e fez um apelo: "Não deixemos roubar-nos a esperança, não permitamos que a banalizem com soluções e propostas imediatas que obstruem o caminho".

A encíclica é dividida em quatro capítulos e ocupa 85 páginas.

O primeiro, "Acreditamos no amor", trata sobre a escuta do chamado de Deus; o segundo, "Se não crerdes, não compreendereis", é sobre a relação entre a fé e a verdade; o terceiro "Transmito o que recebi", se centra na nova Evangelização; e o quarto, "Deus prepara uma cidade para eles", sobre fé e o bem comum. 

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