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Papa nomeia 6 cardeais que estarão na escolha do sucessor

Decisão de não escolher europeus parece uma tentativa de conter as acusações de negligenciar as necessidades dos países em desenvolvimento

Papa recebe presidente do Líbano: todos os seis são "cardeais eleitores", que possuem menos de 80 anos e portanto estão elegíveis para entrar em um conclave que escolherá o sucessor de Bento 16 (Getty Images)

Papa recebe presidente do Líbano: todos os seis são "cardeais eleitores", que possuem menos de 80 anos e portanto estão elegíveis para entrar em um conclave que escolherá o sucessor de Bento 16 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2012 às 11h19.

Cidade do Vaticano - O papa Bento 16 nomeou neste sábado seis prelados de cardeais católicos não europeus, acabando com o domínio do Velho Continente no grupo de elite que um dia escolherá o sucessor dele.

Os novos cardeais, que têm de 53 a 72 anos, são de Estados Unidos, Índia, Nigéria, Filipinas, Líbano e Colômbia, e a decisão de não escolher europeus parece uma tentativa de conter as acusações de negligenciar as necessidades dos países em desenvolvimento.

Nomeando os novos "príncipes" em uma cerimônia solene conhecida como consistório, na Basílica de São Pedro, Bento 16 afirmou que suas indicações refletiam "que a Igreja é a Igreja de todas as pessoas".

"Ela fala em várias culturas de diferentes continentes, ela levanta um único louvor harmonioso ao Deus vivo", disse o papa em seu sermão.

Os novos cardeais são o arcebispo norte-americano James Michael Harvey; Baselios Cleemis Thottunkal, um importante arcebispo na Índia; o arcebispo Ruben Salazar Gómez, de Bogotá; o arcebispo Luis Antonio Tagle, de Manila; Bechara Boutros Rai, patriarca da Igreja Católica Maronita no Líbano; e o arcebispo John Olorunfemi Onaiyekan, da Nigéria.

Todos os seis são "cardeais eleitores", que possuem menos de 80 anos e portanto estão elegíveis para entrar em um conclave que escolherá o sucessor de Bento 16.

O papa deu anos novos cardeais o anel e o tradicional barrete vermelho, ou chapéu. Ele os lembrou de que vestem vermelho porque devem estar prontos para defender a fé "até mesmo se for preciso derramar o seu sangue".

O papa é conservador em termos de fé e moral sexual, como controle de natalidade, homossexualidade e a proibição de mulheres se tornarem padres. Sempre que nomeia cardeais, ele escolhe homens que tenham visões parecidas com as suas e que possam delinear o futuro da Igreja.

Os cardeais são os maiores auxiliares do papa no Vaticano, onde eles comandam importantes departamentos, e no mundo, onde chefiam dioceses que administram 1,2 bilhão de membros da Igreja Católica.


Sem Europeus - Bento 16 foi criticado em alguns círculos da Igreja em fevereiro quando, ao escolher sua última leva de cardeais, nomeou muitos da burocracia central do Vaticano. Ele foi acusado de negligenciar as necessidades do mundo em desenvolvimento.

Mas desta vez não houve europeus. Com 62 cardeais eleitores, os europeus ainda possuem uma pequena maioria no grupo de 120, mas o número caiu e hoje é quase igual ao do resto do mundo. Agora existem 58 não europeus na lista, 14 deles da América do Norte, 21 da América Latina, 11 para África, 11 para Ásia e um da Austrália.

Dois dos novos cardeais, Boutros Rai, 72 anos, do Líbano, e Onaiyekan, 68, da Nigéria, são de países com significativas populações muçulmanas.

O papa visitou o Líbano em setembro e pediu que os membros do catolicismo e do Islã trabalhassem juntos para construir a paz no Oriente Médio e fora dele.

Na Nigéria, que tem metade da população muçulmana, a seita islamita Boko Haram matou centenas de pessoas em ataques desde o lançamento de uma revolta em 2009. Muitos dos ataques foram contra cristãos e igrejas.

Thottunkal, 53, da Índia, comanda o diálogo inter-religioso com o hinduísmo. Os outros dois vêm de países predominantemente católicos.

Bento 16 nomeou 67, ou mais da metade, dos cardeais que escolherão seu sucessor. Os outros 53 foram empossados ainda por João Paulo 2o.

Os papas geralmente reinam até a morte, mas em um livro em 2010, Bento 16 afirmou que não hesitaria em se tornar o primeiro pontífice a renunciar em mais de 700 anos se sentir que não era mais capaz "física, psicológica ou espiritualmente" de comandar a Igreja Católica.

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