O Papa Francisco participa da audiência geral semanal em 12 de fevereiro de 2025 no salão Paulo VI no Vaticano. (Foto de Filippo MONTEFORTE / AFP) (Filippo MONTEFORTE /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 4 de março de 2025 às 16h52.
Em seu 18º dia no hospital, o Papa Francisco permaneceu estável, informou o último boletim médico divulgado pelo Vaticano
nesta terça-feira. O anúncio foi feito após a Santa Sé informar que o Pontífice dormiu bem e permaneceu descansando pela manhã, depois de ter sofrido episódios de “insuficiência respiratória aguda”
na segunda.
Aos 88 anos, o jesuíta argentino recebeu o diagnóstico de pneumonia bilateral e está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro.
"A condição clínica do Santo Padre permaneceu estável hoje. Ele não apresentou episódios de insuficiência respiratória ou broncoespasmo [contração repentina dos brônquios que dificulta a passagem de ar para os pulmões]. Ele permaneceu apirético [sem febre], sempre alerta, cooperando com a terapia e orientado", afirmou o Vaticano em nota.
Francisco passou a usar oxigenoterapia de alto fluxo e foi submetido a fisioterapia respiratória durante a manhã, acrescentou o boletim médico. Segundo o Vaticano, conforme planejado, à noite a ventilação mecânica não invasiva será retomada até amanhã de quarta-feira.
"O prognóstico permanece reservado", afirmou. "Durante o dia, ele alternou entre oração e repouso e recebeu a Eucaristia nesta manhã."
Mais cedo nesta terça-feira, o Papa “se levantou e continuou seu tratamento”, trocando, pela manhã, a máscara de oxigênio por uma cânula nasal de alto fluxo, mais leve. À AFP, uma fonte do Vaticano declarou que a situação do Pontífice pode ser considerada estável, embora o quadro clínico seja “complexo”. A mesma fonte acrescentou que o Papa, cujo prognóstico é “reservado”, “não está fora de perigo”.
— Aos 88 anos, passar 15 dias no hospital e ter episódios repetidos de dificuldades respiratórias é um sinal muito ruim — resumiu Bruno Crestani, chefe do serviço de pneumologia do hospital parisiense Bichat.
Para o médico Hervé Pegliasco, responsável pela pneumologia do hospital europeu de Marselha, no sudeste da França, isso provoca “um fenômeno de exaustão, pois ele precisa fazer um esforço maior para respirar”. Até o momento, o quadro de Francisco tem apresentado altos e baixos, o que gera preocupação entre fiéis ao redor do mundo.
Por causa dos episódios de segunda-feira, foram realizadas duas broncoscopias (exame para visualizar o aparelho respiratório) “com a necessidade de aspiração de secreções abundantes”, informou o boletim médico. No período da tarde, foi retomada a ventilação mecânica não invasiva. Um dia antes, o Papa não havia precisado do suporte para respirar, o que na ocasião foi visto como um avanço no seu quadro.
A crise de segunda – a terceira desde que foi internado – foi provocada por uma acumulação de muco nos brônquios.
Francisco também sofreu um novo broncoespasmo (contração da musculatura que recobre os brônquios), causando dificuldades respiratórias.
Um broncoespasmo também causou a segunda crise, três dias antes, mas, naquela ocasião, foi acompanhado de “um episódio de vômito com inalação”. Os médicos estipularam um prazo de 48 horas para avaliar seu estado.
Enquanto aguardam sua primeira aparição pública, fiéis continuam peregrinando até a entrada do hospital, onde, aos pés da estátua de João Paulo II, rezam e acendem velas pela saúde do Papa Francisco. Nesta terça-feira, um grupo de argentinos se reuniu no local para orar pela recuperação do Pontífice diante de uma imagem da Virgem de Luján.
Segundo Luis Pablo María Beltramino, embaixador da Argentina no Vaticano, o presidente Javier Milei “enviou um representante especial para rezar e estar próximo à Santa Sé neste momento, pela pronta recuperação do Santo Padre”.
Esta é a quarta e mais longa hospitalização do papa desde 2021, aumentando as preocupações devido a problemas de saúde que o fragilizaram nos últimos anos: cirurgias no cólon e no abdômen, além de dificuldades para caminhar. A situação reacendeu questionamentos sobre sua capacidade de exercer suas funções, especialmente porque o direito canônico não prevê medidas específicas caso o Pontífice enfrente um problema grave que comprometa sua lucidez.
Nos últimos tempos, Francisco descartou a possibilidade de renunciar, mas, desde sua internação, não fez nenhuma aparição pública nem teve fotos divulgadas no hospital, como aconteceu em outras ocasiões. No domingo, ele se ausentou do tradicional Angelus pela terceira semana consecutiva. Embora tenha enviado uma mensagem escrita, não participará das celebrações da Quarta-feira de Cinzas, em 5 de março.
Sua ausência nessa cerimônia, que marca o início do período de jejum da Quaresma, e suas repetidas recaídas geram dúvidas sobre seu estado de saúde para a Semana Santa e a Páscoa, um dos momentos mais importantes para os católicos. (Com AFP)