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Papa Francisco: novo boletim médico do indica 'leve melhora' em quadro inflamatório

O pontífice, internado com pneumonia, apresenta quadro estável, mas seu estado de saúde segue sendo monitorado, enquanto rumores sobre renúncia persistem

Papa Francisco se recupera de pneumonia e mantém bom humor, mas saúde continua monitorada (Filippo MONTEFORTE /AFP)

Papa Francisco se recupera de pneumonia e mantém bom humor, mas saúde continua monitorada (Filippo MONTEFORTE /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 16h13.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 16h21.

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Um novo boletim médico sobre a saúde do papa Francisco, internado desde a semana passada, apontou que houve uma "leve melhora" no quadro inflamatório, e que a situação dele é "estável". Na véspera, os médicos revelaram que o Pontífice, de 88 anos, está com uma pneumonia nos dois pulmões, e que sua situação ainda é “complexa”. Mas a premier italiana, Giorgia Meloni, que o visitou nesta quarta-feira, disse que ele está “alerta e reativo”, e ainda “de bom humor”.

Segundo o boletim divulgado pelo Vaticano, as "condições clínicas do Santo Padre parecem ser estáveis", e "os exames de sangue, avaliados pela equipe médica, mostram uma leve melhora, principalmente nos índices inflamatórios".

"Depois do café da manhã, ele leu alguns jornais e dedicou-se depois às atividades de trabalho com os seus colaboradores mais próximos. Antes do almoço ele recebeu a Eucaristia", diz o comunicado do Vaticano.

Histórico de internações e quadro de saúde atual

O papa Francisco, de 88 anos, foi internado na sexta-feira passada após uma sequência de problemas respiratórios, evidenciados até em eventos públicos. Os médicos o diagnosticaram com uma infecção polibacteriana, na segunda-feira, e com uma pneumonia nos dois pulmões, na quarta, o que exigia um tratamento mais intensivo devido à sua “condição clínica complexa”.

Contudo, o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, disse nesta quarta-feira que o Pontífice passou uma noite tranquila, conseguiu se levantar por conta própria e caminhar até uma poltrona no quarto, e que tomou café da manhã normalmente. Uma fonte do Vaticano afirmou à agência AFP que o coração de Francisco “está aguentando muito bem”, e que ele “está respirando por conta própria”, embora o uso de assistência mecânica não esteja descartado.

O Pontífice, que foi internado quatro vezes nos últimos quatro anos, já enfrentou uma pneumonia em março de 2023, que lhe rendeu uma hospitalização de urgência, e foi determinada como uma forma “aguda e grave” da doença, “localizada na parte inferior dos pulmões”. Na época, em conversa com repórteres após sua alta, afirmou ter se lembrado do que lhe disse um fiel anos antes: “Padre, eu vi a morte chegando, e ela é feia, hein!”.

Possibilidade de renúncia e a energia do Pontífice

Nos dois anos seguintes, a saúde do argentino se deteriorou, com acidentes domésticos e os problemas nos joelhos e quadris fazendo com que precisasse se locomover em uma cadeira de rodas, enquanto ostentava uma aparência cada vez mais cansada. As baixas temperaturas na Itália também são mais propícias a doenças respiratórias, o que fez com que os médicos, de acordo com a agência Ansa, lhe recomendassem evitar qualquer tipo de contato com o ar fresco nesses meses de inverno.

Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, o padre Antonio Spadaro, próximo ao Pontífice, disse que a situação é difícil, mas não vê qualquer razão para alarmismos, apontando que Francisco "tem uma energia vital extraordinária". Spadaro estimou que o tempo de recuperação e internação pode ficar entre duas e três semanas, e sugeriu que a parte mais difícil será convencer o papa a ficar deitado e repousar.

"Ele nunca quer se poupar. E para completar, ele não tem problema em mostrar sua fraqueza. Quando ele celebrava na praça e já não se sentia bem, não estranhou ler apenas parte da homilia", disse Spadaro ao Corriere. "Na verdade, ele nunca se permitiu um descanso completo, não tira férias desde os anos 1970. Talvez ele tire alguns dias de folga para se desconectar, mas mesmo durante esses períodos ele continua vendo pessoas e fazendo alguma coisa. Ele segue o que os médicos dizem e tenta ser cuidadoso, mas, na medida do possível, ele faz o que pode. E isso é essencial".

O futuro do papado e possíveis viagens

Em 2024, mesmo com problemas de saúde, ele fez uma viagem de 12 dias por quatro países da Ásia e Oceania, a maior de seu papado em duração e distância. No ano passado, o Vaticano afirmou que ele tem a intenção de viajar à Turquia este ano, e antes da internação tinha prevista uma intensa agenda relacionada ao Ano do Jubileu da Igreja Católica. Seus próximos eventos públicos foram cancelados.

Nesta quarta-feira, o papa recebeu a visita da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que se disse “muito feliz por tê-lo encontrado alerta e receptivo”.

"Brincamos como sempre. Ele não perdeu seu proverbial senso de humor", afirmou Meloni, que passou 20 minutos com o papa.

No Hospital Gemelli, o capelão do local, Dom Nunzio Currao, celebrou uma missa em homenagem ao papa, pedindo que Deus “o fortaleça em seu ministério para que ele possa, esperamos que em breve, mas de acordo com os tempos humanos, continuar a guiar a Igreja com sua sabedoria e seu amor”. No sermão, ele ainda afirmou que “gostaria que o papa voltasse imediatamente ao Vaticano”, mas reconheceu que a cura não deve ser apressada, e que é necessário “ter paciência”.

Diante de mais uma internação e da situação de saúde do Pontífice, rumores sobre uma renúncia voltaram a circular, assim como os comentários passados de Francisco sobre um eventual anúncio de que deixaria o Trono de Pedro, como o fez seu antecessor, Bento XVI.

Em 2022, em entrevista a um jornal espanhol, disse ter uma carta de renúncia assinada para o caso de ficar “incapacitado”, e no livro O Sucessor, escrito a partir de conversas com o jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal entre 2023 e 2024, afirmou que a renúncia era uma possibilidade “real”, mas que não via como necessária “naquele momento”. Em entrevista ao O Globo, em março do ano passado, o biógrafo do Pontífice, Fabio Marchese Ragona, afirmou que Francisco "não está pensando em deixar o pontificado, muito pelo contrário".

Questionado pelo Corriere, Spadaro disse que tudo depende do papa.

"Ele tem consciência, como disse no passado, de que se governa com a cabeça e não com as pernas. Claro, é também uma questão de avaliar as energias que podem ser expressas. O papa é uma pessoa que, se entendesse que não tem mais forças para levar a Igreja adiante, renunciaria", disse o jesuíta. "Mas enquanto ele sentir que a energia está lá, um problema de saúde temporário não o impedirá. Bento XVI abriu a possibilidade e Francisco nunca descartou a renúncia. Mas normalmente, ele explicou, o ministério do papa é vitalício".

A saúde do papa segue sendo um tema de grandes especulações, mas sua energia vital e compromisso com a missão pontifícia ainda permanecem inabaláveis.

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