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Papa evita visita à Argentina para não influenciar eleições

Francisco estaria reclamando de se sentir "usado" por políticos argentinos que tiraram fotos com ele em Roma


	A presidente argentina Cristina Kirchner em encontro com o papa Francisco no Vaticano: o Pontífice tem forte influência em seu país, cuja população é em sua maioria católica
 (Tony Gentile/AFP)

A presidente argentina Cristina Kirchner em encontro com o papa Francisco no Vaticano: o Pontífice tem forte influência em seu país, cuja população é em sua maioria católica (Tony Gentile/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 13h51.

Buenos Aires - Em viagem à América do Sul que fará em julho, o Papa Francisco não incluiu no roteiro a Argentina, sua terra natal. Segundo o Vaticano, o pontífice evita a visita porque não quer influenciar as eleições presidenciais previstas para outubro.

De acordo com pessoas próximas, Francisco estaria reclamando de se sentir "usado" por políticos argentinos que tiraram fotos com ele em Roma.

O Papa, que passará por Bolívia e Paraguai em sua viagem, tem forte influência em seu país, cuja população é em sua maioria católica. Isso não significa que ele não acompanha o que acontece na Argentina.

"Este é um Papa muito interessado em política e tem muito sensibilidade para questões políticas", disse Mariano De Vedia, editor de política do jornal argentino La Nación e autor do "Em Nome do Pai", livro que analisa a relação de Franciso com a presidente argentina, Cristina Kirchner e o seu marido e ex-presidente, Nestor Kirchner, que faleceu em 2007.

Depois de ter se tornado Papa, Francisco prometeu abrir arquivos da igreja durante o período militar da Argentina, que foi de 1966 a 1973, um assunto delicado que pode desencadear mais processos judiciais e detenções relacionadas a um número estimado de 30 mil pessoas mortas e/ou desaparecidas.

Além disso, no início desta ano, o pontífice lamentou que um crescente comércio de drogas na Argentina poderia levar a uma "mexicanização" do país. Muitos interpretaram esses comentários como uma crítica sutil à presidente e seu partido, que está no poder desde 2003.

No início deste mês, ele recebeu Cristina no Vaticano, pela quarta vez, o que enfureceu alguns membros da oposição, embora a presidente não possa se candidatar a um terceiro mandato. 

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