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Papa encoraja grupos a lutar por terra, moradia e trabalho

O papa se reuniu com representantes de organizações de base e os encorajou na luta por terra, moradia decente e trabalho digno

Papa Francisco: amor aos pobres "não responde a nenhuma ideologia", disse (AFP/Getty Images)

Papa Francisco: amor aos pobres "não responde a nenhuma ideologia", disse (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2014 às 13h41.

Última atualização em 26 de dezembro de 2019 às 15h55.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco se reuniu nesta terça-feira com representantes de organizações de base dos cinco continentes e os encorajou na luta para que todos as pessoas tenham acesso "à terra, moradia decente e trabalho digno".

Durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que reúne até amanhã, em Roma, 200 representantes de uma centena de organizações de base de todo o mundo para analisar as causas da exclusão social, o papa lamentou que pelo fato de falar destes três conceitos possa ser tachado de "comunista", apesar de lembrar que "o amor aos pobres está no centro do Evangelho" e que "não responde a nenhuma ideologia", conforme informou a "Rádio Vaticana".

"Digamos juntos de coração: "Nenhuma família sem casa!", " "Nenhum camponês sem terra!" "Nenhum trabalhador sem direitos!" "Nenhuma pessoa sem a dignidade que dá o trabalho!", falou o papa.

Em declarações à Agência Efe, Sergio Sánchez, participante do encontro e conhecido na Argentina como "o catador de papel do papa" pela amizade que tem com Francisco, explicou emocionado que o pontífice os encorajou a continuar lutando por um "mundo mais justo".

Ele teve a possibilidade de contar a Francisco sua história pessoal, a de um portenho que há quase 15 anos se dedica a reciclagem, depois que perdeu seu emprego em 2001.

Hoje, ele lidera uma cooperativa que realiza ações em para pessoas com baixa renda e, em maio desse ano, se uniu à greve de fome que moradores dos bairros periféricos de Buenos Aires fizeram para reivindicar a urbanização das zonas mais pobres da capital.

Ao término do encontro Joaquín Sánchez, representante do movimento social Plataforma dos Afetados pela Hipoteca (PAH) da Espanha, garantiu ter se sentido "abraçado" pelo pontífice, que durante sua fala também defendeu o direito à moradia e a "uma democracia real e dos povos".

Os movimentos populares, por sua vez, transmitiram ao papa algumas das conclusões que foram recolhidas, até o momento, e que abordam a violação dos Direitos Humanos, os despejos de inquilinos, o trabalho precário e "a soberania alimentar", ou seja, a terra concentrada nas mãos de poucos. Francisco, segundo os entrevistados, incentivou os representantes a "seguir lutando por um mundo novo" e estes, por sua vez, pediram "uma aposta mais clara pelos pobres".

Como chefe indígena, da etnia aimara, também esteve presente durante esta jornada o presidente da Bolívia, Evo Morales, o único líder que participou deste encontro e que, por isso, falou durante o ato para saudar publicamente o papa e os demais participantes.

Morales e Francisco terão uma reunião informal nesta tarde no Vaticano, a segunda ocasião em que se encontram de forma privada.

Após este segundo dia dedicado ao pensamento do papa Francisco, o Encontro Mundial dos Movimentos Populares continuará trabalhando dividido em três subgrupos - trabalho, terra e moradia - a fim de articular e facilitar os debates e as análises.

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