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Papa diz que a Igreja "nunca mais" vai ignorar os abusos sexuais

A Igreja "não se cansará de fazer todo o necessário para levar à justiça qualquer um que tenha cometido tais crimes", disse o pontífice

Papa: o ano foi marcado por diversos escândalos de abusos sexuais envolvendo religiosos em todo o mundo (Remo Casilli/Reuters)

Papa: o ano foi marcado por diversos escândalos de abusos sexuais envolvendo religiosos em todo o mundo (Remo Casilli/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 10h42.

Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 12h40.

A Igreja não vai ignorar as "abominações" dos membros do clero que cometeram abusos sexuais, afirmou o papa Francisco em sua mensagem anual à Cúria Romana.

A Igreja "não se cansará de fazer todo o necessário para levar à justiça qualquer um que tenha cometido tais crimes", disse o pontífice, sem explicar no entanto se fazia referência ao sistema judicial interno da Igreja Católica ou à justiça civil de cada país.

"A Igreja nunca tentará acobertar ou subestimar nenhum caso. É inegável que alguns responsáveis, no passado, por falta de cuidado, por incredulidade, por falta de preparo, por inexperiência ou por superficialidade espiritual e humana trataram muitos casos sem a devida seriedade e rapidez. Isto nunca deve voltar a acontecer. Esta é a escolha e a decisão de toda a Igreja", insistiu, diante dos principais prelados da Cúria Romana (o governo do Vaticano).

Francisco reservou palavras especialmente duras para os "homens consagrados, que abusam dos fracos, valendo-se de seu poder moram e da persuasão".

"Cometem abominações e continuam exercendo seu ministério como se nada tivesse acontecido. Eles não têm medo de Deus e de seu julgamento, mas apenas de serem descobertos e desmascarados", denunciou o pontífice. "Dilaceram o corpo da Igreja", afirmou.

Por trás de uma aparência de "grande amabilidade" e de "rosto angelical", alguns homens da Igreja "ocultam descaradamente um lobo atroz, pronto para devorar as almas inocentes", criticou Francisco.

O papa pediu, no entanto, que as pessoas diferenciem entre os verdadeiros casos de abusos sexuais e as calúnias sem fundamento, dentro da Igreja mas também em outras esferas da sociedade.

"Aos que abusam dos menores, queria dizer: convertam-se e entreguem-se à justiça humana, e preparem-se para a justiça divina", afirmou o pontífice, em um apelo direto aos agressores para que se rendam à justiça civil de seus países.

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