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Papa diz no México que poder dos exércitos não basta para vencer o mal

O Sumo Pontífice celebrou a missa para mais de 350.000 fiéis, segundo cálculos de uma fonte eclesiástica, após sobrevoar de helicóptero o gigantesco Cristo situado no centro do Cubilete

As autoridades do Vaticano descartaram uma etapa na Cidade do México devido à altitude de 2.240 metros (©AFP / Andreas Solaro)

As autoridades do Vaticano descartaram uma etapa na Cidade do México devido à altitude de 2.240 metros (©AFP / Andreas Solaro)

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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2012 às 17h15.

São Paulo - As "estratégias humanas" e o "poder dos exércitos" são insuficientes para derrotar o mal, destacou neste domingo o papa Bento XVI, durante missa campal no México, durante a qual pediu à América Latina para confiar em Cristo Rei para buscar "a paz e a concórdia".

Após afirmar que o México e o continente vivem "momentos de dor e de esperança ao mesmo tempo", Bento XVI destacou que não é suficiente "o poder dos exércitos para submeter os demais pela força ou pela violência".

O Sumo Pontífice celebrou a missa para mais de 350.000 fiéis, segundo cálculos de uma fonte eclesiástica, após sobrevoar de helicóptero o gigantesco Cristo situado no centro do Cubilete, região central do país, no último dia de atividades antes de partir para Cuba na segunda-feira.

A missa no parque Bicentenário da cidade de Silao, no centro do México, era considerada o ponto alto da visita papal a este país sacudido pela violência do narcotráfico, que deixou mais de 50.000 mortos em cinco anos.

O helicóptero que trasportava o Papa sobrevoou a gigantesca imagem do Cristo Rei, com 20 metros e 80 toneladas, destruída durante a Guerra Cristera (1926-1929) entre o governo e insurgentes católicos, que marcou um drástico rompimento nas relações entre o Estado e a Igreja no México.

Em seguida pousou no parque Bicentenário, onde a multidão, composta majoritariamente de jovens, o saudava e dizia palavras de incentivo na passagem do papa-móvel que o levou do heliporto até o altar, repetindo "Irmão Bento já é mexicano". Bandeiras do México, mas também de outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Venezuela e Guatemala, eram exibidas em sua passagem.

Bento XVI comparou a situação de violência que o México e o restante da América Latina vivem com as vicissitudes do povo hebraico relatadas no Antigo Testamento.

"A história de Israel também narra grandes proezas e batalhas, mas na hora de enfrentar sua existência mais autêntica, seu destido mais decisivo, a salvação, põe sua esperança em Deus mais do que em suas próprias forças", acrescentou.

O Papa afirmou que "isto nos pode fazer lembrar hoje, a cada um de nós e a nossos povos que, quando se trata da vida pessoal e comunitária em sua dimensão mais profunda, não bastarão as estratégias humanas para nos salvar".

Mais adiante, ressaltou que a Igreja da América Latina e do Caribe tem a necessidade de "confirmar, renovar e revitalizar" sua pregação para superar o que chamou de "cansaço da fé".

O Sumo Pontífice pediu aos bispos do continente que não esmoreçam na missão da nova evangelização que aprovaram durante sua visita anterior à América Latina em 2007, quando esteve no Brasil, aonde tem previsto voltar em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude.

Ao encerrar a missa, o Papa rezou o Angelus e encomendou o continente à Virgem de Guadalupe, "nestes momentos em que tantas famílias estão divididas ou forçadas à migração, quanto muitas padecem devido à pobreza, à corrupção, à violência doméstica, ao narcotráfico, à crise de valores e a criminalidade".

"O Papa me deixará seu coração e levará o meu", disse à AFP Aydée Luna, de 35 anos, que chegou antes da meia-noite de sábado ao local para encontrar um lugar a 300 metros de onde Bento XVI celebrou a Eucaristia.

Apesar de seus 84 anos, o Papa não deu sinais de fadiga durante os longos deslocamentos por terra e apresentava semblante satisfeito diante das manifestações efusivas de carinho que recebeu de milhares de mexicanos.

O Sumo Pontífice voltará à tarde a León, onde discursará para bispos de toda a América Latina.

A Igreja da região, onde vivem 28% dos católicos do mundo, enfrenta o desafio da perda de fiéis diante do avanço de outras crenças e de uma crescente secularização refletida no debate de políticas de Estado em temas como aborto, contracepção e casamento homossexual, que contrariam a doutrina católica tradicional.

Grupos de jovens, casais e famílias acamparam perto do parque para conseguir um bom lugar durante a celebração da Eucaristia, considerada o ponto alto da viagem.

Em meio ao público, na área reservada para convidados especiais, estavam os três principais candidatos às eleições presidenciais mexicanas de 1º de julho, quando o governista Partido Ação Nacional (PAN), de origem católica, poderia perder o poder.

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